A realidade do futebol brasileiro se modificou nos últimos tempos, com novas arenas, maiores investimentos e uma discussão maior sobre a qualidade. Contudo, o Goiás parece ter parado no tempo, e a torcida seguiu o fluxo. Isso não é visto apenas no comportamento, mas também nos números: dos últimos cinco anos, 2014 é o pior ano em termos de público e renda para o Goiás, que nesse período já enfrentou rebaixamento e um ano apagado de Série B.

Nessa temporada, pela Série A, o Goiás já fez oito jogos como mandante, apenas dois deles longe do Serra Dourada, quando jogou em Itumbiara e Juiz de Fora (MG) cumprindo perda de mando de campo. Nesses oito jogos, o Goiás teve um público total de 46.980 pagantes, média de apenas 5.873 pagantes, a terceira pior dos 20 clubes da Série A. Atualmente, apenas Figueirense e Atlético-PR são piores, mas o Furacão cumpre pena do STJD e ainda não teve torcida na nova Arena da Baixada.

Em 2010, ano em que a equipe de Rafael Moura e companhia acabou rebaixada para a Série B, o Goiás teve média de 7.968, mais de dois mil pagantes do que tem atualmente no Serra Dourada. Em 2011, na campanha da Série B onde chegou a estar próximo da zona do rebaixamento na metade da competição, o time esmeraldino teve média de 8.059 pagantes, índice também maior que o atual.

Em 2012, ano do acesso para a Série A e com destaques no time como Ricardo Goulart e Egídio, o Goiás alavancou os números e teve média de 14.185 pagantes, a 2º melhor da Série B e a 11º melhor do Brasil contando as quatro Séries. Naquele ano, o Verdão teve lotação máxima nos jogos contra Joinville e Barueri. No ano passado, a boa campanha na Série A, perdendo a vaga para a Libertadores no último jogo, manteve uma boa média de público: 12.028 pagantes.

Quem paga?

torcida GoiásUm dos motivos que a torcida mais cobra da diretoria e que explica essa queda de público é quanto ao preço dos ingressos. Dos 20 times da Série A nesse ano, o Goiás tem o 9º ticket médio mais caro da competição. O ticket médio corresponde a renda bruta do jogo dividida pelo total de pagantes do clube nos jogos, e nesse ponto, o Goiás tem um bilhete médio de R$31,72. O mais caro é o do Corinthians (R$62,85), mas o Timão tem a segunda melhor média de público, de 29.051 pagantes.

No ano passado, quando a média de público do Verdão era mais que o dobro da atual, o valor do ingresso médio era inferior: R$22,40, com um time que tinha um grande atrativo em campo, o artilheiro Walter, querido e apelidado pela torcida como Tufão. Em 2012, no primeiro ano de João Bosco Luz como presidente, o ingresso durante a Série B chegou a custar R$5 e a torcida abraçou o time, impulsionando-o para a Série A.

A diretoria esmeraldina, por meio do presidente Sérgio Rassi, já destacou inúmeras vezes que não tem como abaixar o preço dos ingressos, mas tinha uma aposta na manga: o Nação Esmeraldina, programa de sócio-torcedor que se arrasta desde o primeiro semestre e ainda encontra problemas burocráticos para sair do papel.

Com ingresso caro e público fraco jogo após jogo, a saída esmeraldina foi vender partidas, saída tomada por muitos clubes com problemas financeiros. O confronto diante do Flamengo já está negociado e será realizado em Cuiabá, com o clube recebendo cerca de R$700 mil líquidos, segundo informações de bastidores. Dependendo do sucesso na partida do dia 10 de Setembro, outros jogos contra grandes clubes, como Palmeiras, Fluminense e Corinthians, podem seguir o mesmo rumo. E o Serra ficará cada vez mais vazio.