O pneumologista Marcelo Rabahi, que acompanha o quadro de saúde do prefeito eleito de Goiânia, Maguito Vilela (MDB), afirmou à Rádio Sagres 730 nesta sexta-feira (4), que o emedebista caminha para a regeneração do pulmão sem sequelas. O médico ressaltou que não há previsão para que Maguito deixe a UTI apesar de apresentar melhora progressiva. “É um processo longo e demorado, mas segue para um desfecho favorável”, afirmou Marcelo Rabahi. O uso da ECMO também está sendo diminuído.
Maguito está internado há 43 dias, sendo 38 no Hopital Albert Einsten, em São Paulo (SP). O prefeito eleito está sedado desde o 1º turno das eleições, mas a sedação está sendo reduzida aos poucos. No domingo (29/11), segundo turno das eleições, quando Maguito foi eleito o novo prefeito de Goiânia, Daniel Vilela afirmou que o pai chegou a derramar lágrimas ao receber a notícia. Maguito Vilela foi eleito com 52% dos votos válidos. Ele venceu Vanderlan Cardoso (PSD).
Nesta quinta-feira (3), Maguito foi transferido da UTI destinada aos pacientes com a Covid-19 para uma UTI comum. A mudança de leito foi possível porque dois testes do candidato deram negativo para a doença. “O tratamento é o mesmo. A UTI em que ele estava era pra quem é positivo pra Covid-19 e cumpre uma série de protocolos para evitar a contaminação dos profissionais de saúde e de possíveis visitantes. Nessa outra UTI comum, o que favorece é um melhor contato dos familiares. E isso é um conforto a mais para o paciente”, explicou o médico Marcelo Rabahi.

Maguito ainda está sedado e traqueostomizado, o que significa que o ventilador mecânico leva o oxigênio direto pra traqueia e depois vai para os pulmões. Ele também continua com a hemodiálise de forma contínua, que segundo o médico, é para proteger os rins e não causar lesões graves nos órgãos.
Marcelo Rabahi explicou que Maguito continua utilizando a ECMO (oxigenação por membrana extracorpórea) em parâmetros mínimos. “O aparelho está fazendo só a retirada do gás carbônico do corpo, uma vez que ele não precisa do suporte da ECMO para a oxigenação. O pulmão dele está funcionando a contento. Isso já mostra uma clara recuperação”.
Sobre a retirada gradativa do aparelho, Marcelo explicou que Maguito chegou a ficar mais de 12 horas sem a ECMO. “Fazemos testes todos os dias. Vamos tirar a ECMO quando conseguirmos ver que não vai causar danos ao pulmão. É muito dinâmico e variável. Mas os testes para acompanhar o comportamento do paciente são feitos todos os dias”.
INFECÇÃO PULMONAR
A notícia positiva, segundo o médico, é de que Maguito não está mais com Covid-19. A inflamação pulmonar está estabilizada. “O vírus desencadeia um processo no organismo e essa é a diferença de algumas pessoas ficarem mais ou menos graves. É uma característica do perfil de Maguito ter uma maior suscetibilidade. A partir disso, cria-se um processo inflamatório agudo, que vai alterando o local onde o oxigênio e o gás carbônico passa dentro do pulmão. Como o vírus não está mais presente, só ficou a inflamação, que está bem estabilizada. Essa inflamação não está progredindo. Já fizemos vários exames que mostraram isso”, ressaltou Marcelo.
O médico explicou que proteger o pulmão e manter a ventilação é fundamental para que a inflamação seja controlada e isso tem demandado maior tempo de internação. “Depende mais dele do que o que a gente faz. É uma fase de regeneração e o tempo depende de cada organismo. O que a gente tem que fazer é manter ele protegido para não gerar outras complicações. Muitos casos evoluem mal por agressão que o paciente sofre do ventilador, por isso nossa meta é manter Maguito protegido”.
Marcelo reforçou que o emedebista não desenvolveu fibrose, justamente pelo fato do pulmão ter ficado protegido.
Ele falou ainda sobre o nível de consciência de Maguito. “A cada momento que a gente mexe na sedação, procuramos falar com o paciente pra trazer um ambiente familiar. Ele experimenta alguns períodos de sedação e isso traz muita angustia para o paciente. Tentamos tornar o ambiente familiar. E isso faz parte de projetos de humanização no tratamento do paciente”, pontou Marcelo Rabahi.
TRATAMENTO
No dia 20 de outubro, Maguito recebeu o resultado do exame testando positivo para a Covid-19. Dois dias depois, ele foi internado no Hospital Órion, em Goiânia. No dia 26 do mesmo mês, o candidato foi transferido para a UTI da unidade.
No dia 27 de outubro, o emedebista foi transferido para o para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Três dias depois, Maguito Vilela foi entubado pela primeira vez e no dia 8 de novembro saiu da entubação e permaneceu consciente na UTI. Na época, foi feita até uma nova foto do candidato no leito, fazendo sinal de “positivo”.
No dia do primeiro turno das eleições municipais, 15 de novembro, Maguito voltou a ser intubado para fazer uma broncoscopia. Ele estava na UTI, com ventilação mecânica invasiva, sedado e com as funções vitais preservadas.
No dia 17, ele iniciou o tratamento renal com diálise e passou a utilizar a ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorpórea). No dia 24 de novembro, o emedebista fez uma traqueostomia. O procedimento foi feito em função do tempo prolongado de intubação.
Na apuração dos votos, no segundo turno das Eleições Municipais, 29 de novembro, Maguito foi eleito prefeito de Goiânia. No dia seguinte, Daniel Vilela contou que o pai havia chorado ao saber da notícia.
No dia 30 de novembro e 1º de dezembro, Maguito passou por dois exames, que não detectaram a Covid-19. Com os resultados negativos, ele foi transferido da UTI especial para pacientes com a doença, para uma UTI comum. A transferência ocorreu na noite do dia 3 de novembro.
Em agosto deste ano, o candidato perdeu duas irmãs para a Covid-19 em um intervalo de menos de dez dias. Nelita e Nelma Vilela tinham, respectivamente, 82 e 76 anos e moravam em Jataí.