A curva da Covid-19 no Brasil continua ascendente, e o país segue para assumir o protagonismo mundial da pandemia. São mais de 22 mil mortes e mais de 363 mil registros de infectados. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que a situação brasileira em relação ao coronavírus é “alarmante” e os especialistas dizem que não estamos nem perto da estabilidade.

O médico Otávio Guimarães Favoreto, que além de ter conhecimento técnico e científico, contraiu a doença. Ele conta em entrevista ao Tom Maior da SagresTV que esta foi uma de suas piores experiências, exatamente por ter conhecimento da evolução do vírus.

“Os sintomas começaram em uma manhã de domingo. Eu acordei com muita febre, muita dor no corpo, e fiz o exame já no dia seguinte. Depois recebi o diagnóstico de que realmente era Covid. Uma semana depois do início dos sintomas, além da dor no corpo, febre e dor de cabeça, eu comecei a ter falta de ar, não conseguia fazer as coisas sozinho. Isso realmente me causou um medo muito grande, porque eu sei como é a evolução da doença”, afirmou.

Apesar do susto, Favoreto não precisou ser internado, e foi se recuperando aos poucos, mas acredita ainda ser incapaz de praticar atividades físicas, por exemplo. “Eu acabei ficando em casa, e depois de 12 dias, apareceu dor abdominal, tive alguns dias de diarreia, foram sintomas vindo um atrás do outro. Depois do 12º dia, as dores começaram a diminuir, comecei a melhorar. Ainda hoje, considero que não consigo fazer uma atividade física, qualquer coisa demanda muito esforço físico. Como o meu pulmão teve pneumonia da Covid, acredito que possa ter ficado alguma lesão que, com o tempo, eu vou me recuperando”, ressaltou.

Otávio Favoreto afirma que o vírus causa não apenas uma gripe, mas uma doença sistêmica no corpo inteiro. “Ele causa lesão no pulmão, que é o principal órgão onde causa a pior repercussão, problemas nos rins, no coração e em vários outros órgãos. Isso acaba levando a maior gravidade dos pacientes, e por isso a necessidade tão grande de leitos disponíveis de internação, sejam eles de enfermaria, ou quando são mais graves, em leitos de terapia intensiva.”

Segundo médico, é preciso respeitar o isolamento social como principal medida de combate ao coronavírus. “O vírus não tem uma mortalidade tão alta, porém, a infectividade é muito grande, ele consegue infectar muitas pessoas ao mesmo tempo, se não houver isolamento. Outras epidemias, como por exemplo o H1N1, o número de pessoas que ficavam graves, morriam mais, porém, o número de infectados era muito menor. No caso do novo coronavírus, mais pessoas estão ficando infectadas, apesar da mortalidade estar mais baixa. Porém, o número de pacientes que estão ficando graves, que estão morrendo por causa da doença é muito maior”, relata.

Assista à entrevista na íntegra