O número de brasileiros habilitados aumentou 38% na última década. Foram registradas mais 74,3 milhões de pessoas com habilitação em 2020, de acordo com os dados do Denatran. Apesar disso, mesmo passando pelas avaliações técnicas e psicológicas, uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Medicina do Trânsito (Abramet) apontou que 2 milhões de brasileiros não dirigem por medo.

O vendedor Wilian Batista, 56 anos, abriu um processo para tirar a carteira de motorista, com ajuda da empresa em que trabalha quanto ao pagamento do processo. Porém, o medo do trânsito foi tão grande que o vendedor desistiu.

Wilian Batista, 56 anos / Foto: Luciano Moraes

“No momento do meu treinamento, comecei a observar o modo como as pessoas estavam digirindo. Foi quando percebi que eu precisava treinar muito porque aqui em Goiânia temos que dirigir para nós e para os outros. Na medida que fui dirigindo, fui me assustando mais e mais, até perceber que eu não dava conta”, lamentou Wilian.

Para a Organização Mundial de Saúde (OMS) a amaxofobia, ou fobia de dirigir, afeta cerca de 6% da população brasileira habilitada. As pessoas sentem um medo excessivo e podem ter reações como paralisia, tremores, aumento nos batimentos cardíacos e enjoos.

A psicóloga Aurinez Rospide Schmitz, especialista em Psicologia do Trânsito explicou que, apesar de parecidas, o medo e a fobia não são a mesma coisa. “É importante entender que o medo é uma das emoções mais básicas do ser humano e que faz parte do nosso desenvolvimento. É essa emoção que desperta em nós uma reação de proteção e defesa”, esclareceu Schmitz.

Já a fobia, segundo a psicóloga, é caracterizada por um medo excessivo e desproporcional à situação. “Esse medo fóbico causa um prejuízo emocional muito grande por ser algo limitador e ocorre de forma tão intensa que as racionalizações não são suficientes para diminuí-lo”, disse.

Por isso, aquele apoio amigo: “Não precisa ter medo. Mantenha a calma. Dirigir é simples”, não surte efeito para essas pessoas, já que o medo vai além da razão.

O vendedor Wiliam Batista relatou ainda que sente até calafrios quando entra no carro como passageiro, pois pensa constantemente em acidente. Segundo ele, as pessoas precisam ter mais cuidado e educação no trânsito. “A pessoas não buscam segurança na hora de dirigir. Não dão apoio para os outros dirigirem. Elas precisam respeitar as leis, saber o seu espaço e lembrar que todos nós somos iguais no trânsito”, concluiu.