Nas horas difíceis é que se mede o equilíbrio emocional das pessoas. O futebol desperta uma paixão desenfreada naqueles que dele fazem parte, seja jogando, dirigindo ou torcendo. No campo é preciso pensar para não errar, nos gabinetes onde ficam dirigentes é necessário conhecimento, controle emocional e sabedoria para conviver com vitórias e derrotas. Empolgação desnecessária quando ganha é soberba, descontrole da mente em derrotas é perigoso no sentindo de magoar pessoas, gerando crise entre todos. Na arquibancada é o lugar mais cheio de alternativas, onde amor e ódio estão lado a lado.

Após a derrota do Atlético para o Internacional por 2 x 1, o presidente Adson Batista dividiu o clube em duas etapas, o antes e o depois.
Sobre o antes, onde ele fala que tirou o time da lama, que a agremiação era um lixo, houve no meu entender, o desrespeito com aqueles que passaram pela presidência do clube em épocas mais simples, mas que tiveram suas conquistas, importantes para a consolidação do rubro-negro como clube histórico de nossa capital.

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Desconhecer o que fizeram Antônio Accioly, Geraldo Bueno Jr., José Martins de Souza Zenha, Odilon Soares, Wilson Carlos (esses não citados), como presidentes do clube, é desconhecer a história escrita em vermelho e preto desse clube tão respeitado em Goiás e no Brasil.

O Atlético tem um título nacional conquistado nos anos 70 e não foi com o Adson, agora se ele quis se referir ao Estádio Antônio Accioly, tudo bem, porque, por algum tempo, aquilo se transformou realmente em um depósito de lixo, todavia a iniciativa de mudar e devolver o local aos campineiros, foi de Wilson Carlos, então presidente do clube. Claro que Valdivino de Oliveira e Jovair Arantes (citados na entrevista) tiveram e continuam tendo importância por lá.

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Quanto ao depois, somos testemunhas de tudo que ele, Adson, fez pelo Atlético. Transformou um clube médio numa potência em nível nacional, merecendo o respeito e muitos elogios de quem conhece tudo que ali foi feito, do centro de treinamentos moderno, do aconchegante Estádio Antônio Accioly, das conquistas de sua administração, saneando as dívidas e ganhando respeito como clube atraente para jogadores, treinadores e até para torcedores que migraram pra lá.

Com Adson Batista o Atlético adquiriu prestígio internacional, principalmente agora, em que foi a terceira melhor campanha da Copa Sul-Americana. Por aqui ganhou o Campeonato Goiano no qual já é o segundo em número de títulos e ainda ficou entre os oito melhores da Copa do Brasil. Partindo desse princípio, o ano poderá ser magnífico se o time conseguir escapar de rebaixamento, do contrário, não será o fim da linha, pode subir no ano seguinte.

Em resumo, posso garantir que o Adson se dividiu entre o bem e o mal na entrevista. Mal quando admite que o time já caiu, o mandatário máximo tem que acreditar até o momento em que a matemática não lhe dê mais nenhuma chance, e pior quando chamou o clube de lixo, desrespeitando aqueles que marcaram seus nomes na história rubro-negra.

Como bem disse o escritor russo, mestre da ficção científica, Isaac Asimov: “Espera mil anos e verás que será precioso até o lixo deixado atrás por uma civilização extinta”!