JOANA CUNHA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
– Na batalha para combater a investida do governo Bolsonaro que flexibiliza o programa do jovem aprendiz, o CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) vem reunindo dados que sinalizam um enfraquecimento já em curso.

Segundo a entidade, o número de novos contratos para jovens aprendizes no primeiro trimestre de 2022 ficou em torno de 16,5 mil novos contratos. O patamar está aquém do resultado do mesmo período de 2020, quando a associação registrou 16,7 mil vagas.

Humberto Casagrande, CEO do CIEE, diz que a medida provisória publicada neste mês preocupa o setor. As mudanças permitem que ex-aprendizes já efetivados continuem a ocupar, durante doze meses, as estatísticas de cotas para jovens aprendizes a serem cumpridas pela empresa.

Além disso, jovens aprendizes com deficiência, de baixa renda ou que estejam cumprindo pena, por exemplo, passam a contar por dois, o que diminui o número obrigatório de participantes do programa que uma empresa deve ter.

“Nossa preocupação é que, no momento em que o mercado está retomando, criou-se esta situação da MP, que está conturbando muito o mercado. As empresas estão cancelando vagas, deixando para contratar depois”, diz Casagrande.

A estimativa do CIEE é que, após as mudanças, o patamar de 450 mil aprendizes existente hoje caia para 250 mil.

No dia 8 de junho, presidentes das principais entidades do setor planejam ir a Brasília para conversar com congressistas sobre a MP e sobre o decreto 11.061, que vai no mesmo sentido.
A medida provisória ainda tramita em comissão mista.