Na última sexta-feira (19), a promotora da 50ª Promotoria de Justiça do Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO), Leila Maria de Oliveira, recomendou ao secretário-geral de Governadoria, Adriano da Rocha Lima, e ao presidente da Metrobus, Francisco Caldas, que suspendam a circulação dos ônibus com mais de cinco anos de operação do eixo Anhanguera. Para Miguel Ângelo, coordenador do Fórum de Mobilidade Mova-se, a recomendação é um equívoco.

Assista à entrevista na íntegra:

“Um ônibus articulado tem em média uma idade máxima de 12 até 15 anos. Cinco anos normalmente é usado como idade média da frota em operação, não idade máxima, porque existem veículos menores que depreciam mais rápido”, e continuou: “Essa recomendação do Ministério Público também é totalmente inviável, uma vez que o sistema não consegue resolver isso rapidamente. Então, isso geraria o colapso e pararia por completo a operação no eixo Anhanguera”, afirmou.

Na recomendação, a promotora argumentou que esse período de uso é considerado uma medida de segurança para a circulação de veículos que prestam o serviço na linha. Ângelo destacou que para razões de segurança a idade da frota não é o principal ponto a ser observado, mas sim a manutenção dos veículos. “O veículo com uma manutenção ruim independente se ele tem um ano, dois, cinco, dez ou quinze anos, a segurança vai estar comprometida”, pontuou.

O coordenador do Fórum Mova-se avaliou que o problema da Metrobus está no modelo de gestão, independentemente de quem ocupa a presidência da empresa ou da gestão do Estado. Ângelo também analisou que a operação é regida pela lei de concessões e licitações, o que segundo ele, atrasa o processo de manutenção.

“Isso impede com que a empresa tenha agilidade para trocar as peças necessárias, para fazer manutenção preditiva e preventiva. Então isso gera uma série de problemas, além também da qualidade das peças, lembrando que um ônibus articulado custa em média próximo de R$ 1,5 milhão e na hora de licitar as peças devido a um modelo de concessão você acaba não comprando peças genuínas”, disse.

Miguel Ângelo criticou a recomendação da promotora Leila Maria de Oliveira para que a Metrobus não adquira ou permita a utilização de ônibus sucateados no transporte público operado no Eixo Anhanguera, com idade acima do limite de cinco anos. 

“A mesma promotoria suspendeu a renovação de frota da Metrobus no início do ano. Ela pediu para renovar a frota, mas no processo que estava aberto não questionou durante os trâmites legais e antes do pregão, ela pediu a suspensão junto ao tribunal de contas. Então essa questão está um pouco mal explicada”, apontou.

No mesmo documento, o Ministério Público recomendou que a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) fiscalize a idade média dos ônibus em operação no Eixo Anhanguera.

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