A grande onda de calor nos Estados Unidos e na Europa aumentou a preocupação em relação às mudanças climáticas. Em entrevista à Sagres, o pesquisador Paulo Eduardo Artaxo Netto, afirmou que o problema não é mais uma questão do futuro, pois o mundo já sofre as consequências atualmente. “Isso é um alerta muito claro para humanidade que as mudanças climáticas não são mais uma questão do futuro, mas estão presentes com a gente agora e precisamos agir urgentemente contra essa ameaça”, disse.

Assista a entrevista na íntegra:

O pesquisador afirmou que os sinais são muito claros na atual onda de calor que vive a Europa, mas alertou que as consequências acontecem de outras formas em outras partes do planeta. Netto destacou a situação recente do clima no Brasil.

“O Brasil está tendo ao longo deste ano um aumento muito forte dos eventos climáticos extremos, como chuvas fortes em Minas, Bahia, escorregamento de terras em Petrópolis e Paraty e uma seca muito forte no Brasil central, que está fazendo com que a gente, inclusive, pague mais caro pela eletricidade”, afirmou.

Mudanças climáticas

O pesquisador Paulo Eduardo Artaxo Netto pontuou os três principais fatores que mostram que as pessoas já estão convivendo com as consequências das mudanças climáticas: “aumento gradual da temperatura, mudanças no padrão de chuva e aumento dos eventos climáticos extremos”, relatou.

De acordo com o pesquisador, as temperaturas aumentaram em todos os cantos do nosso planeta e algumas regiões já aqueceram cerca de 3,5 graus. Netto destacou que o padrão de chuva é essencial para a agricultura e que precipitações concentradas e mais intensas também são ruins paras as cidades, pois causam inundações.

O terceiro fator de causa da mudança de clima possui relação com as ondas de calor na Europa e nos Estados Unidos.

“Com eventos climáticos extremos como estamos vendo com essa onda de calor de 42 graus em muitas regiões do centro dos Estados Unidos e também no Oriente Médio com temperaturas de 49 graus no Paquistão e na Índia, é mais do que óbvio que as mudanças climáticas não são mais uma questão do futuro, mas a gente tem que lidar com elas imediatamente”, reafirmou.

Causas

Paulo Eduardo Artaxo Netto também argumentou sobre as causas das mudanças climáticas ao longo dos anos. O pesquisador apontou os três maiores setores que mais contribuíram e ainda contribuem para o aumento de temperaturas e desastres naturais extremos através da emissão de gases de efeito estufa.

“O primeiro é a queima de combustíveis fósseis, principalmente pelo mundo desenvolvido; o segundo é o desmatamento de florestas tropicais e a Amazônia é um exemplo muito claro; e o terceiro é o setor de produção de alimentos”, avaliou.

Segundo Netto, cerca de 28% das emissões de gases no Brasil se dão através da produção agropecuária em geral, como o metano pela produção de carne e o óxido nitroso pela adição de fertilizantes para aumentar a produtividade agrícola.

“Vamos ter que desenvolver outras práticas agrícolas mais sustentáveis para diminuir a emissão de gases de efeito estufa na produção de alimentos. Mas obviamente, a tarefa principal é zerar a queima de combustíveis fósseis pelo menos até 2050 e zerar o desmatamento da Amazônia, que já é um compromisso brasileiro até 2030”, observou.

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