Apesar de serem mais escolarizadas, as mulheres ainda são minoria no mercado de trabalho e na vida pública. Garantir a igualdade de oportunidades nos processos de tomada de decisão continua sendo um desafio a ser superado.

De acordo com a Comissão de Monitoramento de Indicadores de Gênero (CMIG) e a Agenda 2030 da ONU, é essencial que as mulheres participem ativamente da vida pública e ocupem posições de liderança tanto no setor público quanto no privado.

No Brasil, o percentual de mulheres parlamentares em exercício na Câmara dos Deputados cresceu de 10,5% em dezembro de 2017 para 14,8% em setembro de 2020. Apesar desse avanço, o país ainda ocupa a 142ª posição entre os 190 países analisados no ranking global de representatividade feminina na câmara baixa.

O dado evidencia a necessidade de políticas públicas e iniciativas que incentivem a participação feminina na política e no mercado de trabalho, promovendo um ambiente mais equitativo e inclusivo.

IBGE

Indicadores do mercado de trabalho apontam disparidades significativas entre homens e mulheres. A taxa de participação feminina – que mede a parcela da população economicamente ativa – foi de 54,5% em 2019, enquanto a masculina atingiu 73,7%. Essa diferença ocorre entre diferentes grupos raciais, afetando tanto mulheres brancas quanto pretas e pardas.

Além disso, a carga de trabalho não remunerado desempenha um papel crucial nessa desigualdade. Em 2019, as mulheres dedicaram, em média, 21,4 horas semanais a tarefas domésticas e cuidados com pessoas, quase o dobro do tempo dos homens (11,0 horas). Essa realidade contribui para a sobrecarga da dupla jornada e reduz as oportunidades de inserção e ascensão profissional das mulheres.

A desigualdade salarial também é expressiva. Em 2019, as mulheres recebiam apenas 77,7% do rendimento dos homens. O impacto dessa disparidade é mais evidente em profissões de alta remuneração: diretoras e gerentes ganharam 61,9% do salário dos homens, enquanto profissionais das ciências e intelectuais receberam 63,6%.

Educação e escolaridade

Apesar das dificuldades no mercado de trabalho, os dados indicam que as mulheres são, em média, mais escolarizadas do que os homens. Segundo a PNAD Contínua 2019, 40,4% dos homens com 25 anos ou mais possuíam apenas ensino fundamental incompleto ou nenhuma instrução, enquanto entre as mulheres essa taxa era menor, 37,1%.

No ensino superior, a diferença também é notável: 19,4% das mulheres concluíram o ensino superior, em comparação com 15,1% dos homens.

Apesar desse avanço educacional, as mulheres ainda são minoria entre os docentes do ensino superior. Em 2019, elas representavam 46,8% dos professores em instituições de ensino superior no Brasil, percentual que cresce lentamente nas últimas décadas.

Participação política

Mesmo com maior escolaridade, as mulheres ainda enfrentam barreiras na participação política e em cargos de liderança. A equidade na tomada de decisão é um desafio a ser superado.

Em 2020, o percentual de mulheres no Congresso Nacional era de 14,8%, um avanço em relação a 2017 (10,5%), mas insuficiente para garantir a representatividade feminina.

No ranking global, o Brasil ocupava apenas a 142ª posição entre 190 países no quesito presença feminina no Legislativo.

Direitos humanos e violência de gênero

A proteção dos direitos das mulheres é um dos focos da Agenda 2030 da ONU, que busca eliminar práticas como casamento infantil, violência doméstica e feminicídio. No Brasil, a subnotificação de violência sexual e doméstica dificulta a criação de indicadores precisos sobre o tema.

O feminicídio, reconhecido pela Lei nº 13.104/2015, evidencia desigualdades raciais e de gênero. A taxa de homicídios contra mulheres pretas ou pardas é alarmante: 34,8% maior dentro de casa e 121,7% maior fora do domicílio em comparação às mulheres brancas.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 05 – Igualdade de Gênero

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