Goiânia sofre com mais uma crise do lixo. O odor do chorume nos acompanha constantemente ao andarmos por ruas e avenidas da cidade, fruto da irregularidade da coleta de resíduos sólidos, que é de responsabilidade da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg). Este não é o primeiro episódio em que vemos sacos de lixo amontoados pela cidade, e pelo visto tende a não ser o último.
O blog preparou um histórico que indica que os problemas sobre coleta de lixo em Goiânia acontecem com frequência mesmo após a criação da Comurg, em outubro de 1974. A capital completa 90 anos e a companhia chega aos 49, em um cenário que reflete uma das mais graves crises já vivenciadas pelos moradores.
A Prefeitura de Goiânia pretende promover a terceirização de, pelo menos, parte dos serviços executados pela Comurg, posição que o Ministério Público de Goiás (MPGO) concorda. Mas a terceirização de serviços não é ideia nova, e já está presente há muito tempo. As crises do lixo serão contadas em três partes.
Década de 1970
- 1970
Nomeado pelo governador Otávio Lage de Siqueira (Arena), o prefeito Manoel dos Reis e Silva (Arena) promoveu a terceirização da limpeza urbana. Em momento de crise, delegou à empresa paulista Enterpa Engenharia Ltda. as responsabilidades pela coleta de lixo e varrição das ruas e avenidas.
- 1974
Criação da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), pela Lei Municipal nº 4.915, de 21 de outubro de 1974.
- 1979
Início de funcionamento da Comurg. O prefeito Daniel Antônio de Oliveira (MDB) rompeu o contrato com a Enterpa. A administração indireta do município passou a se responsabilizar inteiramente pela limpeza da capital.
Década de 1980
- 1989
Nion Albernaz (PMDB) assume a Prefeitura de Goiânia no lugar de Daniel Antônio, que teve um segundo mandato bastante tumultuado e com intervenção do Estado na capital. Joaquim Roriz chegou a ser prefeito da cidade.
O novo prefeito optou pela terceirização de serviços da Comurg. Quando assumiu o mandato, garis e coletores de resíduos estavam em greve. Havia um caos no serviço de varrição e coleta de lixo. A crise de 89 foi uma das mais graves e, para se ter ideia, a Avenida Goiás chegou a ficar com lixo amontoado em suas duas pistas.
Nion começou com a terceirização de um terço da varrição e coleta e depois aumentou para dois terços. Enquanto optou por retirar serviços da Comurg, o município tentava negociar com grevistas.
Década de 1990
- 1993
Darci Accorsi (PT) assume a prefeitura e amplia o modelo implantado na gestão anterior. O atual secretário de governo Jovair Arantes era o vice-prefeito à época. Ele acumulou o cargo de presidente da Comurg.
Naquela ocasião, houve reajuste do contrato com a Enterpa, e consequentemente aumento de responsabilidades e atribuições, como a manutenção do aterro sanitário, além da coleta por caminhões coletores de lixo e da varrição de vias.
- 1997
Nion Albernaz (PSDB) retorna à Prefeitura de Goiânia, administrando a cidade até o ano 2000. O modelo iniciado por ele próprio em sua primeira gestão foi continuado. Naquele período, metade dos serviços de limpeza urbana era realizada pela Enterpa e a outra metade pela Comurg. Nion havia ainda adquirido novos caminhões e maquinário para a companhia.
- 1998
A Enterpa Engenharia Ltda. foi adquirida por empresas estrangeiras. Pela Waste Management, de capital norte-americano, e o Grupo Macri, de capital argentino. Já em 2000, surgiu a Enterpa Ambiental S.A.
Década de 2000
- 2001
O PT volta à Prefeitura de Goiânia, desta vez, pelas mãos de Pedro Wilson Guimarães – atualmente superintendente do Iphan, em Goiás.
Em 2002, a razão social da Enterpa foi alterada para Qualix Serviços Ambientais S.A., que operou em Goiânia no modelo de terceirização do serviço, e operou até 2007, ano em que a Comurg retomou de forma direta a coleta, varrição e todas as outras prestações realizadas pela Enterpa, incluindo a gestão do aterro sanitário.
Próxima etapa
Amanhã você ficar sabendo como a prefeitura rompeu com a Enterpa, a crise de 2014 e os 2 mil “pilantrões” na Comurg.
O tema integra o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU): ODS-11 Cidades e Comunidades Sustentáveis.