Embora o estilo continue o mesmo, a pauta política está, definitivamente, incluída na agenda do governador Alcides Rodrigues (PP) em 2010 Bruno Hermano, do Jornal Tribuna do Planalto   
Embora o estilo continue o mesmo, a pauta política está, definitivamente, incluída na agenda do governador Alcides Rodrigues (PP) em 2010. A agenda da última semana não foi movimentada, o que é normal para o primeiro mês do ano. Contudo, em momento algum o governador se esquivou de comentar assuntos que, meses atrás, evitava discutir em público. Ao falar sobre o processo político e agir pensando nas eleições deste ano, Alcides Rodrigues assume o papel de principal articulador da candidatura que ele e o PP nomeiam de preferencial. Além disso, coloca-se como figura de destaque no processo eleitoral, que até bem pouco tempo tinha como únicos protagonistas os pré-candidatos do PMDB e do PSDB.

Alcides anunciou para os próximos dias a realização de mais uma reunião com os integrantes dos partidos da Nova Frente. Ele se empenha em demonstrar que o processo de articulação entre os partidos que compõem sua base continua e que seu grupo tem um norte. Neste início de ano, algumas ações de governo já indicam que há real interesse do governador em mostrar que o governo está realizando obras e que vai, mesmo, investir bilhões em vários setores da administração. Prova de que o governador trabalha para fortalecer não somente o governo, mas aqueles que poderão compor a Nova Frente, são os benefícios anunciados para pastas estratégicas de seu governo, como a Secretaria da Cidadania e Trabalho e a da Segurança Pública, bem com as constantes referências ao esforço do secretário da Fazenda, Jorcelino Braga (PP), em solucionar os problemas financeiros herdados da administração anterior.

Quase que diariamente, o governador tem repetido que a Nova Frente, formada pelo PP, DEM, PR, PTN, e possivelmente o PDT, terá um candidato e anunciará o seu nome no momento oportuno. Em uma demonstração de confiança, o governador comentou, sob os olhos da imprensa, que se o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, tivesse se filiado ao PP, e não ao PMDB, ele se elegeria governador de Goiás. Alcides tem esbanjado otimismo e apostado tudo na união dos partidos que compõem a Nova Frente e no sucesso de sua administração em seu último ano de governo.

Por enquanto, os prováveis candidatos da Nova Frente têm demonstrado coesão no discurso. A ordem é dizer que seja qual for o nome escolhido, este terá o apoio de todos. Neste barco estão os deputados federais Ronaldo Caiado (DEM), Sandro Mabel (PR), o secretário da Fazenda, Jorcelino Braga (PP) e o secretário da Segurança Pública, Ernesto Roller (PP).  

Benefícios
Neste início de ano, a Assembleia Legislativa aprovou matérias importantes para o governo, garantindo benefícios a vários servidores públicos estaduais. Na segurança pública, todas as categorias – policiais civis, militares, bombeiros e peritos – foram beneficiadas. Além disso, o governador autorizou concursos públicos que acontecerão ainda neste ano para vários setores da administração.

Além dos concursos já realizados, como da Agrodefesa, Polícia Civil e Superintendência de Execução Penal, outros 12  devem ser realizados este ano, contemplando o Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Ipasgo, Polícia Técnico-Científica, Educação, Agehab, Saúde, UEG, Cidadania e Trabalho, Defensoria Pública e PGE. No final de 2009, o governo anunciou a ampliação de programas sociais e entregou cerca de 2 mil viaturas às polícias.

Todas estas ações que vem sendo promovidas pelo governo já foram suficientes para que, no meio político, aumentassem as especulações em torno dos nomes de dois secretários de Estado – Ernesto Roller e Jorcelino Braga – como prováveis candidatos da Nova Frente. Ou seja, o trabalho do governo tem surtido efeito, garantindo visibilidade para seus principais integrantes. A alta cotação dos dois secretários colocou em segundo plano as especulações em torno dos outros nomes, Ronaldo Caiado e Sandro Mabel, nas últimas semanas.

As ações do governo também alavancaram a candidatura da secretária Flávia Morais (PDT), à Câmara Federal. Comandando a pasta que concentra a maioria dos benefícios sociais do governo, Flávia articula para tomar o controle do PDT e, caso consiga, fazer com que o partido se integre à Nova Frente. 

Depois da visita que o ministro interino de Relações Institucionais, o goiano Olavo Noleto (PT), fez ao prefeito Iris Rezende e ao governador Alcides Rodrigues, ganhou força, mais uma vez, o rumor de que os partidos  da Nova Frente, o PMDB e o PT devem formar um chapão para derrotar o senador Marconi Perillo (PSDB). Durante a semana passada, porém, Alcides reforçou o que tem dito à imprensa, repetindo que seu grupo terá um candidato e sinalizando que seu partido não deverá formar um chapão com os peemedebistas e petistas.

O anúncio feito na quinta-feira, 14, pelo secretário Jorcelino Braga, de que o acordo para sanear o endividamento da Celg só depende da Eletrobrás pode beneficiar o governo e sua Nova Frente. Se este acordo realmente vingar e o governo e seus interlocutores souberem tirar proveito disso, o governador Alcides Rodrigues e o candidato que seu grupo lançar para governador poderão levar vantagem em relação aos adversários do PMDB e do PSDB no debate eleitoral. Há anos PMDB e PSDB trocam acusações quanto à responsabilidade de cada um no endividamento da empresa, o que tem provocado desgastes tanto para um quanto para outro.