Goiânia está se tornando cada vez mais uma referência quando o assunto é reciclagem do vidro, inclusive o automotivo. O galpão para a realização desse processo está em fase de construção e ampliação no Campus Samambaia, próximo à faculdade de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG), e deverá começar a funcionar no segundo semestre de 2023.

De acordo com a presidenta da CooperRama, Dulce Helena do Vale, a nova estrutura fará também a reciclagem de isopor, plástico, eletroeletrônicos e papel. “Lá vai funcionar um polo de reciclagem. É uma inovação. É o único desse tipo que vai funcionar no Brasil. Vamos fazer a reciclagem e não somente o que se faz hoje, que é separar e comercializar”, afirma. 

A CooperRama é uma das seis principais cooperativas de tratamento do vidro coletado na capital. Atualmente, o material é separado por cor, enviado para uma trituradora, que entrou em funcionamento em junho de 2021. O equipamento, que hoje está no setor Santa Genoveva, foi adquirido via projetos do governo federal.

A reciclagem na capital, segundo Dulce do Vale, vai aprimorar um processo que já vinha passando por melhorias, desde a chegada do Projeto Vidro. Com isso, o preço do resíduo valorizou. 

“Uma caçamba que levava 8 toneladas, hoje pode levar 22 toneladas ao quebrarmos o vidro. Essas empresas de reciclagem de vidro só existem no Sul e Sudeste do país. Então, por conta do custo do frete, ficaria inviável fazer essa comercialização. Com esse Projeto Vidro, temos a possibilidade de aumentar peso e diminuir volume, e com isso agregar um maior valor”, argumenta. 

Em Goiânia, o quilo do vidro comum era comercializado a R$ 0,05. Com o projeto, o material misto é vendido a R$ 0,16/kg e o branco a R$ 0,30/kg. Ainda conforme Dulce do Vale, com a ampliação da reciclagem em Goiânia, a quantidade de vidro a ser tratado na capital poderá passar de 100 para 300 toneladas por mês. 

A construção do galpão para reciclagem de vidro e outros materiais é uma parceria entre cooperativas, a UFG e o Ministério Público de Goiás (MP-GO). 

Reciclar vidro automotivo reduz impacto ambiental

Alexandre Ferreira, gerente da distribuidora Dinavidros, transporta cerca de 30 toneladas por semana de sucata de vidros automotivos de Goiânia para São Paulo, onde o material é triturado, transformado em pó e, depois, utilizado na fabricação de tintas e até mesmo de tachas refletivas para o trânsito, também conhecidas como “olho de gato de sinalização”, dispositivos usados para sinalizar vias, indicar locais perigosos e delimitar áreas de pistas e estacionamentos. 

Caminhões da empresa goiana fazem entrega de vidros automotivos não apenas em Goiás, mas em toda a região Centro-Oeste e estados como Minas Gerais, Tocantins, Pará e também no Nordeste. Segundo o gerente, os veículos nunca voltam vazios. “Onde nossos caminhões vão, eles voltam com a sucata de vidro”, afirma. 

“O consumo maior no mercado é o vidro de para-brisas, que é mais difícil para o meio ambiente absorvê-lo. Somos os únicos no mercado que faz esse processo de levar o vidro para reciclagem. Muita gente ainda joga isso no meio do mato gerando um impacto ambiental inimaginável”, complementa Alexandre Ferreira. 

Para se ter uma ideia da importância da reciclagem desse tipo de material, o vidro leva cerca de 500 anos para ser absorvido pela natureza. O laminado, utilizado para fabricação de para-brisas, leva o dobro desse tempo para desaparecer no meio ambiente.

“Estamos falando de vidros automotivos, mas ainda tem os vidros de ônibus, de caminhões. Então, o mercado é muito maior que isso. Acredito que Goiás tem condições de fazer isso, é um estado centralizado no Brasil. Geograficamente falando, ele seria capaz de receber vidros de várias regiões do país. Isso seria muito importante”, conclui.

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