Após dois anos suspensa devido à pandemia de Covid-19, a Festa do Divino Pai Eterno reuniu quase 3 milhões de pessoas em 10 dias, em Trindade. Patrimônio Cultural Brasileiro, uma das maiores atrações do evento, a Romaria dos Carros de Boi está mais onerosa a cada ano. Gastos com pousos custam cerca de R$ 2 mil.  Esta realidade de custos altos é também presente em outras manifestações, como as Cavalhadas em Pirenópolis.

Para falar sobre nossa cultura e sobre a capacidade de geração de emprego e renda que ela pode proporcionar, recebi esta semana o publicitário Hamilton Carneiro, um ícone da cultura e da comunicação em nosso estado.

Às vésperas de comandar 39 anos no comando do programa Frutos da Terra (primeiro episódio foi ao ar em 7 de julho de 1983), Hamilton Carneiro sempre foi ligado à cultura. Para ele, cultura não se resgata, mas se fortalece. “Também é muito interessante revelar novos artistas. Muitos começaram ou ganharam destaque no Frutos da Terra e hoje fazem sucesso no Brasil inteiro”, lembra, referindo-se a cantores, mas destaca que os talentos estão em todas as áreas, como Nilton Pinto e Tom Carvalho, a dupla humorística mais conhecida de Goiás, e o inesquecível Geraldinho. Para cada artista, vários “causos” envolvendo o surgimento, a chegada à televisão, o crescimento profissional e o sucesso.

Hamilton Carneiro também é um incentivados das tradições culturais. Festa do divino, Cavalhadas e as congadas são alguns exemplos. Nosso convidado denuncia a “infiltração” de pessoas motorizadas nas romarias de carro de boi, o que gera barulho com o som automotivo, lixo pelo caminho e atrapalha toda a tradição. Hamilton Carneiro também critica a carência de políticas públicas para o setor. “Somente este ano, passaram por Trindade 560 carros de bois, isso gera emprego e renda. Prefeitura e Estado deveriam ajudar esses carreiros, que têm custos altos para uma viagem como essa”, afirma.

A cultura está em constante transformação, afirma Hamilton. A Televisão sempre foi responsável pela difusão da música, no caso, a sertaneja e caipira. Mas Hamilton se incomoda com parte da indústria cultural que se estaciona na vulgaridade e não gera nenhuma contribuição individual ou à coletividade. “Acho que essa música não contribui com nosso crescimento, com nossos valores. Creio que ela deveria ser reinventada”, declara. Para nosso entrevistado, a música sertaneja raiz retrata hábitos e costumes de uma parcela da população que vive longe dos grandes centros urbanos e deve ser valorizada.

Hamilton Carneiro continua na ativa. Tem reformulado seu programa, mas sem perder o foco nas raízes de Goiás, afinal, “não trem nada mais doce que o araçá dessa terra…”

Cultura e plano diretor

Na terceira reunião setorial do Plano Diretor de Pirenópolis, Eliane Coutinho explica que o arcabouço da legislação municipal tem mais de 40 anos, tendo sofrido algumas alterações em 2002. Para ela, é preciso ter uma alteração para que a cidade se desenvolva com qualidade. Temas como estudo de impacto de vizinhança e impacto de trânsito têm que andar ao lado das regras de parcelamento e edificações, entre outras, conforme exige o Estatuto das Cidades.

Com o aumento da população na cidade, há uma enorme demanda por novos lotes, e enquanto o Plano Direto da cidade, não for revisado, permitindo assim o crescimento organizado e regularizado, continuaremos a ver uma quantidade de terrenos sendo fatiados e vendidos, sem nenhuma infraestrutura, de forma ilegal e sem nenhuma segurança para os compradores.  

Encontrar as soluções que equacionem a preservação do patrimônio histórico, cultural e ambiental, com as demandas do crescimento populacional e do turismo, é uma tarefa que necessita de sabedoria, bom senso, união e cooperação de todos.

O programa desta semana esteve alinhado ao ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis.

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