Os últimos dias de inverno no Brasil e a chegada da primavera, no último sábado (23), foram marcados por um calor escaldante. Segundo o MetSul Meterologia, as temperaturas passaram dos 40ºC em todas as cinco regiões do país. A previsão é que ao longo da estação das flores haja menos chuvas no norte e no leste da Amazônia, enquanto na região Sul, sobretudo em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, as chuvas vão seguir intensas.

A previsão é do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que ressalta a influência do fenômeno El Niño no clima do Brasil até o início de 2024.

“O calor extremo que atingiu o país vai continuar na primavera. Não tão intenso quanto o que está ocorrendo agora, que estamos sob um bloqueio atmosférico que impede a chegada de frentes frias em algumas regiões. Porém, nós estaremos nesta primavera e no verão sob influência do fenômeno El Niño, e um dos efeitos no Brasil é fazer com que as temperaturas fiquem mais altas que a média histórica. Então, nós teremos temperaturas acima da média na primavera”, explica Gilvan Sampaio, coordenador-geral de Ciências da Terra do Inpe.

A pesquisadora do CPTEC/Inpe, Caroline Vital, acrescenta que, como o El Nino ainda está acontecendo, o aquecimento das águas influencia o padrão de precipitação e temperatura em diversas partes do planeta.

“No Brasil, os meses de setembro, outubro e novembro terão temperatura acima da média”, diz Caroline, que alertou sobre as chuvas abaixo da média na faixa norte do país e acima da média na região Sul.

“Na faixa central essa probabilidade é menor pois não tem uma influência direta do El Niño. A probabilidade de maior intensidade de chuva é em parte do Mato Grosso do Sul e de São Paulo e na região Sul. Nesses locais, o volume de chuva previsto deve ficar acima da média histórica dos últimos trinta anos”, alerta.

Onda de calor: até quando?

De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), 12 capitais brasileiras registraram temperaturas acima de 35ºC no último domingo (24).

“As temperaturas máximas neste final de semana no Brasil são comparáveis àquelas registradas em muitas das regiões mais quentes do planeta. Países como Iraque, Irã e Arábia Saudita registraram máximas de até 45ºC nos últimos dias”, destacou o site ClimaInfo.

O Inmet mantém o alerta vermelho de temperaturas altas até esta terça-feira (26) em grande parte do país. A partir de quarta-feira, a abrangência da onda de calor deve ficar menor e, em alguns locais, chuvas isoladas vão aliviar a sensação térmica.

Cuidados com crianças e pets

A exposição ao calor intenso pode levar a uma série de efeitos adversos. Beber água, usar bonés e soro fisiológico são algumas das recomendações para driblar não só o calor como a baixa umidade do ar. Para proteger crianças e os animais de estimação. A Dra. Anna Bohn, pediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) ressalta que, além de serem mais suscetíveis à onda de calor, crianças pequenas têm risco maior de eventos graves e intensos. “Brincadeira ao ar livre é sempre uma das melhores escolhas para as crianças. Entretanto, com altas temperaturas existem riscos à saúde que devem ser observados”, diz.

Também os pets, durante o período quente e seco, podem sofrer com problemas respiratórios e estresse térmico. Para diminuir esses transtornos, Bruno Alvarenga, Médico Veterinário e professor de Veterinária do Centro Universitário de Brasília (CEUB), sugere brincadeiras com água, oferecer água fresca ou gelada, utilizar fontes de circulação de ar, aumentar a ingestão de alimentos úmidos, manter potes de água acessíveis e criar picolés caseiros feitos de frutas e carnes. Quanto aos passeios diários com os animais de estimação, o especialista aconselha evitar sair nos momentos mais quentes do dia.

“A exposição prolongada ao calor pode resultar em queimaduras nas almofadas das patas dos cães devido ao contato com superfícies quentes, além de levar a crises de hipertermia, especialmente em raças braquicefálicas, como Pug e Bulldog”, enfatiza Alvarenga.

O especialista do CEUB alerta: se o animal de estimação apresentar sintomas de mal-estar durante um passeio, como prostração, dificuldade respiratória ou vermelhidão intensa nas mucosas, ou mesmo se demonstrar problemas respiratórios em casa, é fundamental buscar imediatamente atendimento veterinário. “Lembrem-se, a prevenção sempre é a melhor forma de cuidado”, conclui o veterinário.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática.

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