As organizações internacionais Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (Drugs for Neglected Diseases Initiative- DNDi) e a Médicos Sem Fronteiras (MSF) enviam nessa terça-feira, 9/10, a São Luís de Montes Belos, representantes para conhecer projeto inédito no Brasil sobre a doença de Chagas, causada pela picada do inseto barbeiro e responsável por 2,4% das mortes ocorridas em Goiás e por 14,8% no Brasil.

O estudo, que permite o acompanhamento nos municípios de pacientes crônicos da doença, foi produzido por técnicos da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) em parceria com o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC/UFG). O encontro é realizado na Faculdade Montes Belos, das 7h às 18h.

O ineditismo do estudo se deve ao fato de que apenas em Goiás a notificação de casos crônicos da doença de chagas é compulsória por determinação de lei estadual.

Os dados levantados permitiram demonstrar qual a forma clínica prevalente da enfermidade e apontam onde residem os portadores para um acompanhamento adequado.

Em Goiás, são 4.100 notificações de doentes crônicos com Chagas. A doença pode se manifestar tardiamente, por volta de 30 anos após o paciente ter sido infectado.

No Brasil, existe uma população de cerca de 3 milhões convivendo com a doença, tendo como consequência 6 mil mortes por ano.

Parcerias

A estrutura da vigilância dessa doença é composta por várias parcerias formadas com a SES-GO, HC/UFG, Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e Grupo Técnico da doença de Chagas do Ministério da Saúde.

De acordo com a coordenadora do estudo, a biomédica Liliane da Rocha Siriano, também coordenadora de Zoonozes da SES-GO, a visita da DNDi tem por objetivo conhecer o manejo goiano dos pacientes específicos. “Essa troca de experiências será fundamental para que os especialistas possam obter dados mais precisos sobre a doença em estado crônico”, salientou Liliane.

A DNDI é uma organização sem fins lucrativos de pesquisa e desenvolvimento, que realiza tratamentos seguros, eficazes e acessíveis para milhões de pessoas afetadas por doenças negligenciadas.

Tais doenças fazem parte de um grupo diverso de enfermidades infecciosas e endêmicas que afetam 149 países e mais de milhões de pessoas, principalmente na África, Ásia e América Latina que vivem em condições de pobreza, sem acesso a saneamento básico e que estão em contato próximo com diversos vetores, animais domésticos, e culturas pecuárias.

Entre esses males, as principais são a doença de Chagas, as leishmanioses, a doença do sono, o HIV pediátrico, a Hepatite C, as filarioses (doenças parasitárias crônicas) e micetoma (doença infecciosa).

Médicos sem Fronteiras

Já a Médicos Sem Fronteiras (MSF) é uma organização humanitária que leva cuidados de saúde a pessoas afetadas por graves crises humanitárias em diversas partes do mundo. “No caso dessa equipe, o encontro será de fundamental importância,porque a doença de chagas tem se disseminado em vários países devido à migração internacional em larga escala de latino-americanos para países não endêmicos como EUA, Canadá, Europa, Austrália e Japão”, pontua Liliane.

Ela diz que uma mulher portadora de Chagas migra com a doença, sem saber, e pode contaminar filhos que venha a ter naquele país. “Até um ano de idade, com diagnóstico precoce, a cura é 100% possível. Assim, a organização mune-se de informações importantes para evitar a propagação da enfermidade em outras nações”, afirma.

Doença de Chagas

A doença de Chagas (tripanossomíase americana) é causada por um protozoário, o Trypanosoma cruzi. É endêmica (afeta região específica) em 21 países da América Latina, onde se estima que 6 milhões de pessoas estejam infectadas.

Para saber mais sobre a DNDi e Médicos sem Fronteira, acesse os seus respectivos sites: www.msf.org.br e www.dndial.org.