Hélio dos Anjos no Paysandu (Foto: Jorge Luiz)

Personagem marcante na história do futebol goiano, Hélio dos Anjos dispensa apresentações. Entrevistado especial da semana no programa K é Nacional com Juliano Moreira e as Feras do Kajuru, o treinador abriu o jogo acerca de diversas situações. Sem abandonar as polêmicas, falou desde sua última saída no Goiás no ano passado até o momento do atacante Bruno Henrique, passando ainda pela evolução de Michael.

Principal destaque do Goiás nesta temporada, Michael trabalhou um ano e meio com Hélio no clube, porém não conseguiu ter o mesmo destaque e o treinador explica que “o Michael cresceu por méritos do clube, que estruturou a cabeça e a vida dele, nesse ponto é muito importante ter pessoas que dão respaldo. Na minha época, ele apresentava algumas dificuldades táticas e técnicas, e até mesmo de adaptação a uma outra realidade de vida. O Goiás deu esse suporte, um novo contrato e tenho certeza que amparou o garoto”.

“Agora, dentro de campo, a gente brinca que só no tiro (risos), só matando (para parar o jogador). Tomara que o Goiás valorize muito isso, e na hora que tiver que sair que seja por alguma coisa muito boa. Mas o Goiás já é a vida dele, porque é uma oportunidade de crescimento, e o Goiás sabe fazer isso como poucos clubes do país. É legal ver o crescimento desse jogador, como vi o crescimento do David (Duarte), que infelizmente teve a contusão, e como estamos na esperança sempre de ver o melhor do Léo Sena, que é um belo jogador e acima da média”, acrescenta.

Se Michael não teve o mesmo sucesso nas mãos de Hélio dos Anjos, um atacante que saiu bastante valorizado do Goiás foi Bruno Henrique, que também chegou desconhecido e com passagens pelo futebol de várzea. O treinador ironiza que “na época o melhor era Erik, o bom era Erik, o fora de série era Erik. O Bruno Henrique não era ninguém, todo mundo estava questionando o Harlei por ter levado ele da segunda divisão. Para comprar o Bruno Henrique, como sempre teve que entrar o seu Hailé e dar a ordem”.

Destaque no Flamengo depois de passagens por Santos e Wolfsburg, da Alemanha, Bruno Henrique é o segundo jogador com mais participações em gols nesta temporada no futebol brasileiro, e recentemente foi convocado por Tite para a Seleção brasileira. Hélio ressalta que “o Bruno, pela sua humildade e capacidade, não merece só o Flamengo, merece a Seleção brasileira e o Mundial, porque, independente da qualidade, é um ser humano de primeiríssima linha”.

Na época presidido por Sérgio Rassi, em 2015, Hélio dos Anjos afirma que de futebol o dirigente não entende “nada. Com todo o respeito, não tenho nada contra, mas não entende nada de futebol. Hoje dentro do Goiás, pelo menos quem está na linha de futebol, tem uma história dentro do futebol. Mauro, Marcelo, Túlio e Harlei tem essa história de viver o futebol como sempre viveram. E com o Ney junto ainda, que é um parceiraço de curso na CBF, ficamos juntos no mesmo hotel e conversamos muito, com esse pessoal eu tenho certeza que vai ter coisa boa”.

Otimista em relação ao desempenho do Goiás na Série A, o treinador destaca que “todo mundo sabe a dificuldade que é disputar o campeonato da primeira divisão nas dimensões atuais. Diferença financeira muito grande, valores exorbitantes para uns e comuns para outros. O Goiás está nessa condição de luta, buscando melhorar e sempre sendo o Goiás que todos conhecem, forte e com tradição”. Seu palpite é de que “será aquele Goiás bem equilibrado até o final. Tem estrutura e equipe para isso e a volta do Ney foi importante, tem um conhecimento do clube e dos jogadores que ficaram”.

Hoje no Paysandu, Hélio dos Anjos está invicto no comando do clube paraense desde que assumiu em junho. No último final de semana, inclusive, sua equipe protagonizou a eliminação do Remo na Série C, deixando o maior rival fora da fase final do Campeonato Brasileiro. Neste domingo, enfrentará o Náutico no Mangueirão no primeiro jogo das quartas de final, enquanto também prepara seu time para a Copa Verde. Inclusive, o destino pode colocá-lo no caminho do Goiás na final da competição regional.

Treinador do clube esmeraldino com seis passagens, foi campeão brasileiro da Série B, conquistou a extinta Copa Centro-Oeste e ganhou cinco vezes o Campeonato Goiano, Hélio admite, porém, que “todas as minhas saídas do Goiás são sempre muito desgastantes. E muitas vezes isso te deixa um pouco retraído e recluso aos seus pensamentos. Eu sou um treinador que me exponho e tenho coragem de tomar decisões, por isso que as pessoas me procuram quando as coisas estão difíceis”.

“Essa última passagem pelo Goiás foi desgastante em função de que começamos o Campeonato Brasileiro mal, mas tinha total recuperação e acho que o Goiás pensou que a melhor maneira naquela hora de amenizar as coisas era me demitir, porque a minha exposição é agressiva”, frisa, e perguntado sobre ser criticado como ultrapassado, garante que “isso não me tira o sono nem um segundo, porque não preciso provar nada a ninguém a não ser a mim mesmo”.

Ainda a respeito da sua saída no ano passado, Hélio destaca que “eu respeito muito todas as pessoas. Eu tinha o vice-presidente, que é o Mauro (Machado), que eu respeito muito, o Marcelo Almeida foi o meu presidente e o respeito muito, e todo mundo sabe o respeito e carinho que eu tenho pelo seu Hailé (Pinheiro). Seu Hailé me demitiu e me contratou todas as vezes, então eu e ele nos damos sempre muito bem por causa disso, porque é bom você trabalhar em um clube em que você sabe que tem pessoas que decidem”.

“Eu tenho o maior carinho e respeito do mundo pelo Harlei, e isso incomoda as pessoas, incomoda muita gente. Tenho a minha maneira de ver que nesse último momento meu no Goiás era muito simples para pessoas que passaram a frequentar o clube e que simplesmente o Hélio dos Anjos saindo resolvia tudo. E resolveu, claro que resolveu, o Goiás tinha que subir”, mencionando o fato de após sua saída a equipe ter crescido nas mãos de Ney Franco, conquistando o acesso para a Série A.

“Essas pessoas que citei que tenho respeito e devo consideração, agora não tenho que respeitar e dar satisfação para João Grego e para outros que entraram dentro do clube e nunca viram futebol. Esses aí eu não devo respeito, esses nunca ganharam nada no Goiás e no futebol, mas faz parte do negócio”. Sobre o ex-gestor de marketing do clube, afirmou ainda que “esse rapaz simplesmente entrou em um clube de futebol sem nunca ter mexido no futebol. Eu tratei da melhor maneira possível, do mesmo jeito que trato o departamento de comunicação aqui”.

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É grande o carinho da torcida do Papão por Hélio dos Anjos

Também ex-treinador de Vila Nova e Atlético, Hélio ressalta que “quando tive minha passagem no Vila, ela foi desgastante pela minha história no Goiás e ela sempre vai ser desgastante em qualquer clube que trabalhar em Goiânia que não for o Goiás. Mas ela acaba sendo muito desgastante no Goiás, porque faz parte. Ninguém trabalha em um clube seis vezes sem ter desgaste”.

De olho nos clubes goianos na Série B, o treinador elogiou o momento do Atlético e “vi um show do Atlético dentro da Ilha do Retiro. Eu conheço bem, sei o que é jogar lá dentro, e o Atlético deu uma demonstração do seu crescimento estrutural e da sua linha voltada para o moderno”. Hélio destaca que “antes de começar o campeonato eu falei que o Atlético era postulante ao acesso e continuo batendo nisso. O Atlético é postulante pela sequência do trabalho e organização que o clube hoje tem. O Adson (Batista) sempre procurou isso e tenho certeza que esse time vai dar o que falar até o final da temporada”.

Já o Vila Nova “nos últimos dois anos teve um equilíbrio muito grande na área diretiva. Agora que tive o prazer de conhecer o Felipe Albuquerque (diretor de futebol do Paysandu), e entendo porque o Vila teve essa base de dois anos muito equilibrada. Agora é preocupante, porque não é fácil disputar o campeonato da B hoje, que é muito forte e começar a lutar por rebaixamento. Mas acho que a torcida do Vila eleva o moral, é só dar um tempo e está com um treinador experiente e capacitado”, destaca.

“Eu acho que o Vila tem recuperação. Está contratando e remontando o time, mas isso é perigoso, não é fácil remontar time dentro de uma competição muito agressiva no aspecto de desgaste de jogadores com muitos jogos em cima do outro”, alerta Hélio dos Anjos, que torce e acrescenta que “as três equipes hoje estão estabilizadas, e esperamos que aconteça o melhor para as três para o futebol goiano continuar sendo forte”.

Confira a íntegra da entrevista com Hélio dos Anjos na Sagres 730

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