Os processos de pastagem na Amazônia ameaçam microrganismos do solo essenciais para a manutenção ecológica da floresta. São bactérias e fungos importantes que sofrem com o manejo inadequado do solo e com os desmatamentos. No entanto, os mesmos micróbios podem contribuir para a emissão de gases do efeito estufa na atmosfera.
As informações são de uma pesquisa do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP sobre a importância de conservação e gestão de microrganismos do solo. Assim, o estudo lembra que para além das árvores que cobrem o bioma, o solo também guarda processos ecológicos necessários para a proteção da Amazônia.
Júlia Gontijo, uma das autoras do artigo, destacou a importância dessas bactérias e fungos. “Os microrganismos do solo são essenciais para a ciclagem dos nutrientes e desenvolvimento e proteção das plantas, garantindo a sustentação do ecossistema amazônico”, disse.
“Além disso, esses microrganismos também estão relacionados ao balanço das emissões de gases de efeito estufa (GEE) pelo solo”, completou.
Ecossistema amazônico
O estudo Micróbios do solo ameaçados na Floresta Amazônica destaca a necessidade de novas pesquisas sobre microbiologia, botânica, ecologia da paisagem e restauração, biogeoquímica e ciência de dados. Desta forma, novas abordagens poderiam contribuir com essa pesquisa, que focou os microrganismos metanotróficos.
Os microrganismos metanotróficos consomem metano, que segundo o estudo, é um gás do efeito estufa com 28 vezes mais potencial de aquecimento global que o CO2. Então, a conversão das florestas em pastagem muda a emissão dos gases e muda o balanço dos microrganismos no solo.
“Ao alterar a cobertura vegetal e introduzir gado, observamos aumento de arquéias metanogênicas no solo, devido tanto a adição causada pelas fezes do gado, que possuem alta abundância de metanogênicas, quanto pelo aumento da compactação do solo, que favorece o estabelecimento desses microrganismos anaeróbicos”, explicou Gontijo.
Mudanças
A questão é que os microrganismos indicam mudanças ambientais, entre elas a homogeneização das bactérias do solo. Mas, contou a pesquisadora, a floresta amazônica não é homogênea.
“A Amazônia é composta de ecossistemas distintos e está sendo alterada de muitas maneiras pelo homem. Além disso, mudanças climáticas têm afetado a região de diferentes formas. Por isso que esse esforço amostral e o desenvolvimento de novos trabalhos são extremamente necessários, além do seu financiamento”, afirmou.
*Com informações do Jornal da USP
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