De acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 85,4% da população afirmou adoçar o que vai à mesa. E o uso exagerado de sal também ganha atenção na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018: Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil, publicada recentemente pelo órgão.

Para a professora da Faculdade de Nutrição da UFG (FANUT), Flavia Campos Corgosinho, os dados são preocupantes, pois esses ingredientes podem ser prejudiciais à saúde. “A Organização Mundial da Saúde, recomenda o consumo de 2 gramas de sódio por dia, o que equivale a 5 gramas de sal. Mas o consumo médio da população brasileira é o dobro da recomendada. Isso realmente é muito preocupante, porque o excesso de sal pode levar a hipertensão, e a gente sabe que as maiores causas de mortes no mundo são devido a doenças cardiovasculares. Então é muito importante que a gente fique de olho na quantidade de sal”, alerta.

“Em relação ao açúcar, a recomendação é que apenas 10% das calorias diárias devem vir de açúcar. Então, a gente tem uma cota, o problema é que tem vários alimentos que tem açúcar na sua composição, principalmente aqueles industrializados, processados… e a gente acaba não enxergando isso”, afirma Flavia Corgosinho, que ainda alerta para sempre ler o rótulo com atenção.

Conforme informações do IBGE, o maior consumo de açúcar e sal ficou entre os adolescentes, chegando a 93% em ambos os sexos, e o menor entre as mulheres com 60 anos ou mais (69,2%). Em dez anos, aumentou de 1,6% para 6,1% o percentual da população que afirma não adicionar nem açúcar nem adoçante. Já o uso de edulcorantes artificiais aumentou de 7,6% para 8,5%.

Ainda segundo os dados, o sal era adicionado em comidas prontas por 13,5% da população e era mais frequente em homens adultos (16,5%). O sódio foi ingerido acima do limite por 53,5% da população, índice mais elevado em homens adultos (74,2%) e menor em mulheres idosas (25,8%). Flavia Corgosinho esclarece que o excesso de sódio consumido pela população pode favorecer o desenvolvimento de doenças como hipertensão e doenças renais…. enquanto o açúcar pode facilitar o aparecimento de problemas como obesidade, diabetes e, consequentemente, doenças cardiovasculares.

Para eliminar esses riscos à saúde, a professora recomenda reduzir a ingestão desses ingredientes aos poucos. “Para quem quer tentar reduzir esse consumo, a primeira dica é ir aos poucos, porque a mudança para ser continua, ela não pode ser brusca. A minha orientação é, primeiro fique atento a alimentação, para ver se tem açúcar na composição. Segundo, se você tem o hábito de adoçar as bebidas, vá progressivamente reduzindo essa quantidade até que o seu paladar se adapte aquele sabor. E a mesma coisa no sal”.

Matheus Pessoa é estagiário do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com o IPHAC e a Faculdade Araguaia sob supervisão da jornalista Tandara Reis