Uma pesquisa recente da Universidade Estadual Paulista (Unesp), apoiada pela FAPESP, sugere que a prática regular de atividade física pode ser uma ferramenta eficaz para os professores lidarem com o estresse, diminuindo seus impactos negativos na qualidade de vida. Os resultados foram publicados no International Journal of Environmental Research and Public Health.

O estudo analisou 231 professores de escolas públicas em Presidente Prudente, São Paulo. Através de questionários, os participantes relataram seus níveis de estresse, com cerca de 70% indicando estar estressados. Dentre estes, 50% apresentaram níveis moderados de estresse, 16,8% relataram estresse intenso e 2,8% sofreram de estresse muito intenso.

Para avaliar a qualidade de vida dos professores, foi utilizado um método que analisa oito conceitos relacionados à saúde, como limitações para atividades físicas devido a problemas de saúde, restrições em atividades sociais por questões físicas ou emocionais, e dores corporais. O estudo constatou que professores com altos níveis de estresse apresentavam uma qualidade de vida significativamente reduzida em comparação aos colegas com menor estresse.

Os pesquisadores também examinaram a atividade física dos participantes, considerando atividades ocupacionais, deslocamentos e exercícios de lazer. Utilizando um método que contabiliza o tempo gasto andando no trabalho, a intensidade e frequência de atividades esportivas, entre outros fatores, foi possível determinar o nível de atividade física de cada indivíduo.

Cruzamento de dados

Os dados foram cruzados com informações obtidas através de questionários validados internacionalmente, revelando que professores fisicamente ativos tendem a experimentar menos estresse e uma melhor qualidade de vida.

“Quando o papel da atividade física foi considerado, a relação entre estresse e alguns domínios relacionados à qualidade de vida, como capacidade funcional e percepção geral de saúde, foi mitigada”, conta o professor Victor Beretta, coordenador do Laboratório de Neurociência e Comportamento Motor da Unesp, que participou do estudo.

De acordo com os autores, o trabalho não indicou exatamente o mecanismo pelo qual os exercícios influenciaram a qualidade de vida e o combate ao estresse dos professores, mas existem algumas hipóteses.

“Esse benefício para a saúde física, mental e o bem-estar pode ser decorrente da liberação de endorfina e da possível diminuição do cortisol, bem como do impacto positivo do exercício físico sobre o convívio social, a qualidade do sono e as mudanças nas capacidades funcionais dos indivíduos, entre outros”, explica Beretta.

“Nós discutimos esses resultados de maneira mais especulativa, pois o trabalho não focou em entender quais fatores da prática de atividade física influenciam na associação entre a qualidade de vida e o nível de estresse percebido. De qualquer forma, os resultados não deixaram dúvidas de que ações de promoção à saúde destinadas aos professores devem buscar o aumento da prática de atividade física, o que seria uma forma de impactar o nível de estresse e a qualidade de vida desses profissionais”, afirma o profissional de educação física Wésley Torres, doutorando no Laboratório de Investigação em Exercício da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 03 – Saúde e Bem-Estar

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