Junior Kamenach
Junior Kamenach
Jornalista, repórter do Sagres Online e apaixonado por futebol e esportes americanos - NFL, MLB e NBA

Pesquisa sobre urbanismo quilombola garante prêmio nacional a jovem estudante da UnB

A jovem estudante Angélica Azevedo, da Universidade de Brasília (UnB), conquistou o prêmio “Carolina Bori Ciência e Mulher – Meninas na Ciência”, promovido pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O reconhecimento veio em função de sua pesquisa voltada para a mobilidade urbana e o urbanismo sustentável em comunidades quilombolas, especialmente no município de Cavalcante (GO).

Em entrevista ao programa Tom Maior do Sistema Sagres, Angélica detalhou sua trajetória acadêmica e os objetivos de seu trabalho. De acordo com ela, o interesse pela sustentabilidade e mobilidade urbana surgiu da vontade de ajudar comunidades vulneráveis. “Comecei entrando nos projetos de extensão da FAU-UNB, que são relacionados a Cavalcante e ao quilombo Kalunga, por causa do meu interesse pelo modo de viver quilombola”, explicou a pesquisadora.

O projeto premiado teve início com sua participação no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), sob orientação da professora Lisa de Andrade, onde trabalhou com a análise das dimensões da sustentabilidade urbana em Cavalcante. Como desdobramento, Angélica desenvolveu o projeto “Urbanismo Calunga: Sustentabilidade, Ancestralidade e Identidade”, que serviu como seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).

Entre as principais contribuições do projeto está a elaboração de novas propostas de macrozoniamento e zoniamento urbano, visando a revisão do plano diretor de Cavalcante. Além disso, a estudante propôs um projeto viário para a Avenida São Paulo, no bairro Vila Morro Encantado, de maioria quilombola. “As pessoas da comunidade trouxeram essa demanda porque se sentem invisibilizadas pelas autoridades”, destacou.

Soluções técnicas

A pesquisa não apenas apresenta soluções técnicas, mas também valoriza a identidade e ancestralidade quilombola. “No projeto, incluí barracas para a comunidade vender seus produtos locais, inspiradas na arquitetura vernacular Kalunga. Também utilizei um desenho triangular e a cor amarela, elementos presentes na cultura quilombola”, explicou Angélica.

Outro ponto fundamental do trabalho é a ênfase no urbanismo participativo. “A gente sempre tem que ouvir as demandas da comunidade e trazer melhorias conversando com elas. Assim, promovemos uma troca de saberes: aprendemos com elas, e elas aprendem conosco”, afirmou.

Sobre o prêmio, Angélica celebrou a conquista e o reconhecimento do papel das mulheres na ciência. “Esse reconhecimento nacional é muito importante para minha trajetória. Ele mostra que posso continuar nessa área e que meu trabalho contribui com as comunidades”, disse.

Ela também destacou a influência de suas mentoras, as professoras Lisa de Andrade e Vânia Loureiro, ambas da FAU-UNB, no seu desenvolvimento acadêmico e profissional. Atualmente, Angélica continua sua atuação no Laboratório Periférico e na Residência CTS, além de participar do programa Periferia Viva, do Ministério das Cidades.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis

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