Em um mundo repleto de possibilidades e desafios, assumir responsabilidade se tornou uma questão central na vida de muitas pessoas. O tema foi debatido nesta terça-feira (18) no Tom Maior do Sistema Sagres, com a participação da psicóloga Júlia Perillo, especialista em Gestalt-terapia, que trouxe reflexões profundas sobre o conceito de responsabilidade sob uma perspectiva psicológica.
De acordo com Júlia, a Gestalt-terapia parte do princípio de que “todos os seres humanos são responsáveis pelas próprias escolhas e são livres para escolher”. No entanto, ela destaca que esse entendimento se aplica principalmente a adultos, considerando que há contextos em que há limites para as escolhas por diversos fatores.
“Quando a gente não escolhe, a gente também está escolhendo. Então, somos responsáveis”, afirma a psicóloga. Ao ser questionada sobre a possível diminuição do senso de responsabilidade nas novas gerações, Júlia argumenta que essa percepção depende do contexto.
“Antes, seguíamos um roteiro de vida mais padronizado: nascer, estudar, trabalhar, casar, procriar e morrer. Hoje, há uma infinidade de possibilidades. Isso não significa que a pessoa seja irresponsável, talvez signifique que ela esteja mais conectada com o que deseja”, explica.
Carreiras
A flexibilidade nas carreiras profissionais também foi abordada na conversa. Sendo assim, para a psicóloga, novas formas de trabalho, como a atuação na internet e fora do modelo tradicional de emprego, podem ser vistas erroneamente como falta de responsabilidade. “É muito mais confortável, em alguma medida, mas isso não significa que seja fácil ou que a responsabilidade seja menor”, pontua.
Outro ponto debatido foi a variação do senso de responsabilidade em diferentes áreas da vida. Muitas pessoas podem ser extremamente responsáveis no trabalho, mas não nos relacionamentos ou nas finanças.
“Temos que nos perguntar: o que é responsabilidade e o que é irresponsabilidade? Muitas vezes, uma irresponsabilidade financeira, por exemplo, pode ser um sintoma de algo mais profundo”, reflete Júlia. Sobre possíveis caminhos para mudança, a psicóloga destaca a importância do autoconhecimento e da terapia.
“É essencial olhar para si mesmo de maneira holística, compreender as necessidades que sustentam determinada desorganização ou irresponsabilidade. Algumas pessoas acham que está tudo bem viver assim, mas é importante reconhecer sinais de que algo pode estar prejudicando a si ou aos outros”, alerta.
O impacto das redes sociais
As redes sociais também foram mencionadas como um fator que pode influenciar na percepção de responsabilidade. “Ficou tudo muito mais acessível. Se não houver um cuidado, uma autocrítica, a pessoa pode se perder nessa comparação constante com os outros”, adverte Júlia.
Ela ressalta que as redes podem ser benéficas, mas exigem um olhar crítico sobre o que realmente importa para cada indivíduo. A conversa encerrou com uma provocação da psicóloga: “Para quê e como estamos sendo responsáveis ou irresponsáveis?”.
De acordo com ela, essas perguntas ajudam a refletir sobre padrões de comportamento e o que sustenta determinadas atitudes. “Sempre há espaço para melhorar, desde que saibamos equilibrar a autocobrança para não cair em extremos”, conclui.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 03 – Saúde e Bem-Estar