O “laboratório voador” é um equipamento acoplado a um drone que colhe amostra, analisa e transmite informações em tempo real para um celular ou notebook. Assim, a invenção de pesquisadores das Universidades Federais de Uberlândia (UFU) e de Goiás (UFG) é de baixo custo e tem objetivo de monitorar gases poluentes na atmosfera.

O projeto da parceria entre as universidades recebeu destaque científico na Analytical Chemistry, da Sociedade Americana de Química. A inovação tem baixo custo. Sendo, assim, orçado em 50 mil dólares (equipamentos do solo), R$ 10 mil (drone) e R$ 500 (plataforma analítica).

“Fizemos algo bem miniaturizado, portátil, totalmente automatizado e que pudesse ser colocado em um drone para fazer todas as etapas do processo de análise de um gás da atmosfera”, comentou João Flávio Petruci, professor do Instituto de Química da UFU.

Monitoramento do ar

O uso de drones para monitorar gases poluentes já é comum entre cientistas, mas apenas para coletar amostras. O diferencial do projeto da UFG e da UFU é que além da coleta, o equipamento também analisa e transmite informações para o equipamento do solo em tempo real. “A nossa estratégia é mais seletiva, é mais adequada quimicamente”, argumentou Petruci.

Além disso, o laboratório voador também monitora o ar em escala vertical, portanto, possibilita entender como ocorre a dispersão dos gases. 

“Tem o perfil [do gás] em função da altitude, se esse gás está sendo disperso para uma região maior, de maior altitude, de menor altitude. Entender o perfil vertical da concentração dos gases também é uma ferramenta importante para as Ciências Ambientais em geral”, explicou o professor.

Aplicação

Ilustração mostra prova de conceito realizada em estação de tratamento de esgoto em MG (Imagem: Jornal UFG)

Além de Petruci, participaram da pesquisa Wendell Coltro, diretor do Instituto de Química da UFG. Mas o estudo ainda conta com contribuições de  Vanderli Leal, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Química da UFU, Habdias Silva-Neto (doutorando da UFG) e Sidnei da Silva (docente do Instituto de Química da UFU).

Leal realizou os testes de viabilidade do laboratório voador numa estação de tratamento de esgoto de Iturama (MG). O pesquisador monitorou no teste o sulfeto de hidrogênio (H2S), produzido durante a decomposição de materiais orgânicos, com odor desagradável, sem cor e letal para o organismo humano, dependendo da sua concentração.

O futuro do estudo é ampliar a quantidade de gases que o equipamento consegue monitorar, incluindo inclusive, o dióxido de nitrogênio. Assim, Wendell Coltro afirmou que os resultados preliminares prosperam para a criação de um protótipo com capacidade de monitorar múltiplos poluentes ambientais simultaneamente. O protótipo sairá ao longo dos próximos dois anos.

*Com informações do Jornal UFG

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