Um estudo brasileiro divulgado na revista Chemosphere detectou agrotóxicos na água da chuva das cidades: Brotas, Campinas e São Paulo. A pesquisa é intitulada “Pesticidas em águas pluviais: estudo de ocorrência de dois anos em compartimento ambiental inexplorado em regiões com diferentes usos do solo no estado de São Paulo – Brasil”.
A professora Cassiana Montagner, do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (IQ-Unicamp), coordenou o estudo que coletou e analisou amostras durante 36 meses, entre 2019 e 2021.
A origem dos agrotóxicos na água da chuva está na sua aplicação nas lavouras, pois depois são dissipados na atmosfera. Fenômenos climáticos naturais são responsáveis pela distribuição, entre eles o vento, a umidade e a temperatura.
No processo natural de formação das precipitações, os contaminantes se condensam nas gotas da chuva e retornam ao solo, o que preocupa os pesquisadores visto que a água vai para os corpos d´água.
Agrotóxicos proibido no Brasil
Os pesquisadores detectaram a presença de 14 agrotóxicos e cinco compostos derivados, sendo um deles encontrado em todas as amostras, o herbicida atrazina. Um desses 14 agrotóxicos é o fungicida carbendazim, encontrado em 88% das amostras e que chamou atenção porque é proibido no Brasil.
No estudo, o risco dessa contaminação também foi dimensionado. Os níveis de concentrações não ultrapassaram os limites legalmente permitidos no país para a água potável, mas os pesquisadores se preocuparam porque muitas das substâncias encontradas não tem padrões de segurança estabelecidos.
Mas sabe-se que, mesmo em baixas doses, a exposição crônica às substâncias pode causar danos à saúde humana e à vida aquática. Dados realmente preocupantes surgiram na pesquisa, um deles diretamente sobre o herbicida 2,4-D. Sua concentração maior foi detectada em Brotas e preocupa por sua alta capacidade de transporte pelo ar e por ser comprovadamente nocivo para a fertilidade humana. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a aplicação aérea desse agrotóxico em 2023.
Outra preocupação no estudo é que o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo e que o país utiliza vários produtos que são proibidos na União Europeia, que possui leis mais rígidas e baseadas em evidências científicas. Os pesquisadores sugeriram na pesquisa que o Brasil exerça um maior monitoramento e tratamento baseado no conhecimento científico.
*Texto original da Agência Fapesp
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 12 – Consumo e produção responsáveis.
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