A plataforma de inteligência artificial PrevisIA, desenvolvida pelo Imazon, aponta que 6.531 km² da Amazônia podem ser desmatados entre agosto de 2024 e julho de 2025. Essa área representa um aumento de 4% em relação ao registrado no mesmo período deste ano, conforme os dados do Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A PrevisIA, conhecida por sua alta precisão (73% em média desde 2021), classifica 35% das áreas ameaçadas como de risco muito alto, alto ou moderado, totalizando 2.269 km². Essas regiões devem ser prioritárias para as políticas de prevenção.
Os outros 65% (4.262 km²) apresentam risco baixo ou muito baixo, mas ainda requerem monitoramento. Entre os estados mais afetados, destacam-se:
- Pará (35%)
- Amazonas (20%)
- Mato Grosso (17%)
Esses três estados concentram 72% do território sob ameaça de desmatamento em 2025.
Conservação ambiental
Carlos Souza Jr., coordenador da PrevisIA, destaca que proteger as áreas em maior risco é essencial para reduzir o desmatamento e as emissões de gases de efeito estufa. Ele ainda alerta que a ferramenta pode auxiliar estados e municípios a desenvolver estratégias mais eficazes, fornecendo mapas detalhados com informações sobre estradas e Cadastros Ambientais Rurais (CARs).
“Se atuarmos para proteger as áreas indicadas pela PrevisIA sob risco muito alto, alto ou moderado de desmatamento, poderemos reduzir ainda mais a derrubada da Amazônia em 2025 e avançar em direção à meta de desmatamento zero em 2030. Ação essencial para reduzir as emissões de gases de efeito estufa no Brasil e mitigar os efeitos das mudanças climáticas que já estão nos afetando seriamente, como as cheias no Rio Grande do Sul e as secas na Amazônia. Precisamos usar essa tecnologia a favor da floresta”, afirma.
O Ministério Público do Pará planeja enviar alertas sobre áreas de risco muito alto e alto de desmatamento aos órgãos ambientais e detentores de CARs, visando maior rigor em licenciamentos, fiscalização e prevenção de desmatamentos ilegais.
Territórios indígenas e unidades de conservação
- Terra Indígena Kayapó (Pará): lidera o ranking de risco, com área equivalente a 2,5 mil campos de futebol sob ameaça.
- Terra Indígena Apyterewa (Pará): embora tenha caído para a segunda posição após ações de desintrusão, ainda apresenta risco alto de desmatamento.
- APA Triunfo do Xingu: segue como a unidade de conservação mais ameaçada, com risco equivalente a quase 10 mil campos de futebol.
Desafios futuros
Os dados mais recentes do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon indicam que, de agosto a outubro de 2024, já foram desmatados 1.628 km², o que representa 25% da previsão para 2025. Esse cenário exige intensificação das ações de combate ao desmatamento, principalmente nos meses de menor índice de chuvas.
Criada em 2021 pelo Imazon em parceria com a Microsoft e o Fundo Vale, a PrevisIA utiliza inteligência artificial para identificar áreas de risco, analisando fatores como:
- Presença de estradas legais e ilegais.
- Histórico de desmatamento.
- Distância de áreas protegidas e rios.
- Infraestrutura urbana e dados socioeconômicos.
A plataforma já é usada por ministérios públicos estaduais e oferece uma abordagem inovadora para prevenir a degradação da floresta amazônica.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 13 – Ação Contra a Mudança Global do Clima
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