Em parceria com o projeto TEAmamos, o Comando Regional da Polícia Militar de Trindade, viabilizou um vídeo que visa aprimorar atendimento aos cidadãos autistas. Em entrevista ao Sagres em Tom Maior (30), a idealizadora do projeto Amanda Ferro explica essa iniciativa.

“O projeto TEAmamos é um projeto de acolhimento e de capacitação, inicialmente ele era só para famílias, nos fomos crescendo e entendo as necessidades de educadores, profissionais da área, e a gente foi abrangendo. Nós fazemos encontro mensais antes da pandemia eram presenciais agora são virtuais, e estamos conseguindo atingir o Brasil inteiro” comentou Amanda.

Para evitar situações constrangerdoras o projeto TEAmamos – criado em 2018 com o intuito de capacitar pais e, posteriormente, profissionais que atuam com autistas – produziu um vídeo sobre o transtorno que hoje atinge uma a cada 54 crianças de até 8 anos de idade, segundo os estudos científicos mais recentes. O material contém explicações didáticas sobre o comportamento das pessoas que estão dentro do TEA e servirá como treinamento, primeiramente, para 500 integrantes do 16º Comando Regional da Polícia Militar (16º CRPM), cuja base está em Trindade e engloba mais 19 municípios.

“O policial vai receber o conteúdo de várias formas, por várias mídias, pra ele ir aprendendo porque é uma coisa nova, ele não vai receber só por exemplo só um vídeo, vai receber um card, um explicativo, um panfleto, vai ser algo tipo assim, a mesma informação dada de várias formas e por várias mídias”, explicou.

O vídeo tem duração de uma hora de duração e conta com as explicações do neuropediatra e neurofisiologista, Hélio van der Linden Júnior, que atua no Centro de Reabilitação Dr. Henrique Santillo (Crer) e no Instituto de Neurologia de Goiânia. Durante as explanações, o profissional detalha as principais características das pessoas com autismo; os níveis do transtorno, que variam de leve a muito grave; e também, as duas principais situações que envolvam autistas e que, normalmente, a PM pode se deparar.

Um adolescente de 13 anos em surto e agressivo com todos à sua volta. A família não sabe mais como contê-lo. Os pais pedem, então, ajuda à polícia. O jovem não atende ao comando de voz dos homens das forças de segurança e corre. É baleado. Essa cena poderia integrar qualquer história de ficção e drama, principalmente, porque, no decorrer da narrativa, o autor revela que o adolescente em questão não estava drogado ou ameaçando alguém. O menino, na verdade, está dentro do transtorno do espectro autista (TEA). E enfrentava uma tremenda crise de ansiedade.

No caso de autistas leves, que têm certa independência de vida e estejam na rua, é necessário saber diferenciar o comportamento de uma pessoa suspeita de ilícitos daquela que tem a síndrome, já que alguns comportamentos podem ser semelhantes, como evitar o contato olho no olho e não obedecer às ordens. “É possível procurar algum cartão de identificação de autista e fazer perguntas simples, diretas, como ‘qual é o seu nome?’, ‘qual o nome do seu pai ou mãe?’, ‘você consegue me mostrar o número do seu telefone?’”, exemplifica o neuropediatra, ao acrescentar que o mesmo procedimento pode ser usado para aqueles que têm deficiência intelectual, doenças psiquiátricas ou surtos psicóticos.

Um autista muito grave, por vários fatores, pode desencadear uma crise de ansiedade séria. Isso, muitas vezes, leva à agressividade e é natural que as famílias precisem solicitar ajuda policial. Nesse caso, é importante que a comunicação, desde o contato com a atendente do 190, seja assertivo e claro, com informações sobre a condição neurológica da pessoa.

“Espero que essas informações possam contribuir ainda mais com o repertório dos nossos policiais, que já convivem com inúmeras situações gravíssimas todos os dias e fazem um trabalho brilhante e heroico para nossa sociedade”, afirma van der Linden.

Confira a entrevista na íntegra a seguir no TSM #131

Talita Souza é estagiária do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com a IPHAC e a Faculdade Fasam Sul-Americana sob a supervisão do jornalista Tandara Reis.