O velório de Pelé durou 24 horas. Neste período, mais de 230 mil pessoas passaram pelo gramado da Vila Belmiro para o adeus ao Rei do Futebol.

Foi a despedida que o Rei merecia? Em se tratando da presença de fãs e autoridades, sim. No entanto, repercutiu mal na imprensa e nas redes sociais a ausência ex-jogadores, inclusive algumas celebridades que em algum momento da vida foram prestigiadas por Pelé.

O ex-jogador Kaká, que recebeu das mãos de Pelé a Bola de Ouro em 2007, prêmio concedido pela Fifa, foi um dos ausentes. O fato ganhou maior proporção porque, recentemente, durante a Copa do Mundo do Catar, o ex-atleta criticou a falta de consideração com os ídolos do passado. Kaká disse ao Bein Sports que “nós, brasileiros, às vezes não reconhecemos nossos talentos. Se vocês (estrangeiros) virem o Ronaldo Fenômeno andando por aqui, vão pensar ‘uau’, porque ele tem algo diferente. No Brasil, é só um mais um gordo andando pela rua”.

Muita gente viu hipocrisia no discurso do ex-jogador, já que ele não foi se despedir do maior atleta de todos os tempos.

O portal GE, na matéria intitulada “Velório de Pelé: veja jogadores e ex-jogadores que foram à homenagem na Vila Belmiro”, chega a listar os nomes dos jogadores que foram se despedir do Rei do Futebol. De acordo com o GE, somente dois atletas que disputaram Copas do Mundo pelo Brasil no século 21 compareceram ao funeral: Zé Roberto e Elano. Dos ex-jogadores que conquistaram o tetra e o pentacampeonato, só o Mauro Silva.

É um patrulhamento desnecessário? Não. Não é mesmo! Pelé é o símbolo maior da excelência no esporte. Como o maior jogador de futebol de todos os tempos, merecia uma despedida grandiosa também dos atletas e ex-atletas dessa modalidade esportiva.

Neymar e Robinho, que foram os grandes astros do Santos depois Pelé, também deveriam marcar presença no velório. Robinho tem problemas com a justiça italiana e uma dívida pública com toda a sociedade por ter sido condenado por estupro. Já Neymar, nada justifica. A ausência dele foi imperdoável.

E os técnicos de futebol que tanto cobram pela falta de memória do torcedor em relação as conquistas, títulos e ídolos, o que dizer deles? Que são hipócritas, falsos e embusteiros? Qual a justificativa para tantas ausências? Festas de fim de ano? Não. Não tem explicação. Pelé morreu no dia 29 de dezembro. O velório só aconteceu a partir de 2 de janeiro. Houve tempo suficiente de preparação para os deslocamentos para a cidade de Santos.

Na Coluna Sagres Internacional, aqui no Sagres Online, o professor Norberto Salomão escreveu um belo artigo com o título “Pelé: A saga do herói brasileiro e cidadão do mundo”. Nele, o professor, depois de apresentar uma abordagem teórica de Joseph Campbell, no livro “O Poder do Mito”, conclui que “enquanto as celebridades são seres ensimesmados na própria fama, os heróis transcendem essa condição e se constituem em modelos de comportamento e de trajetória de vida que inspiram, de forma virtuosa, a coletividade”.

É isso, o Pelé está acima dessas egoístas, ensimesmadas celebridades do futebol. Os fãs deram ao Rei do Futebol uma despedida majestosa. Pelé, descanse em paz em seu mausoléu no cemitério Memorial Necrópole Ecumênica, em Santos. Você será reverenciado como o Rei do Futebol por todos os tempos.

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