PR não sabe quem vai apoiar ao governo, em 2010

 

Nome próprio
Republicanos ouvidos pela reportagem, apontam que existe um consentimento de que o vice-governador Ademir Menezes (PR) seria candidato natural do partido caso o governador Alcides Rodrigues (PP) deixe o mandato para concorrer ao Senado, por exemplo. Os deputados Sandro Mabel e Chico Abreu (PR), assim como o prefeito de Senador Canedo, Vanderlan Vieira (PR), têm fomentado a ideia de que Ademir é um nome forte e que conta, inclusive, com a benção do governador caso o PP não saia com candidatura própria. Questionado sobre a expressão que Ademir possui sobre o eleitorado, Mabel relembra as candidaturas de Cidinho em 2006 e de Maguito em 1994, que eram consideradas inexpressivas, mas que obtiveram sucesso nas urnas. 

Por telefone, o vice-governador afirmou que se sente lisonjeado e muito feliz com a indicação dos colegas, mas que seus planos para 2010 são outros. “Recebo com alegria e satisfação esse pedido, mas tenho trabalhado para me lançar como candidato a deputado federal”, afirma. Ademir completa que está sentindo boa receptividade dos eleitores e que, por isso, deve continuar com o projeto desenhado para a Câmara.

A colocação do nome de Ademir em pauta não deixa de ser uma estratégia do PR para aumentar o poder de barganha do partido entre os possíveis candidatos. Com a saída de Cidinho da Casa Verde, a influência do PR no pleito cresce consideravelmente, já que o republicano herdaria automaticamente a máquina do Estado. Protelar a decisão acaba fortalecendo o partido e fazendo com que os republicanos ganhem tempo para tomar a decisão mais acertada. Nos bastidores, há ainda a especulação de que Iris Rezende e Marconi Perillo serão cortejados até o último momento e, quem oferecer mais benefícios e segurança de vitória, leva a parceria.

No interior, o PR também permanece dividido e em cenários variados, mas com maior proximidade com o PMDB. Dos 26 prefeitos que o partido elegeu no ano passado, sete possuem vices peemedebistas, três possuem vices tucanos e o restante se divide entre PT, PDT, PTB, PP, PSB e chapa pura, com o próprio PR.

Meirelles
Henrique Meirelles deve assinar seu passaporte para o pleito goiano caso se filie a algum partido em setembro. Mas, segundo Mabel, esse ainda não vai ser o ato decisivo para que o anapolino de fato concorra ao governo do Estado. “Meirelles tem até o dia 31 de março para saber, por exemplo, se Iris Rezende irá, de fato, concorrer ao governo”. Mabel aposta que haverá uma terceira via, seja ela protagonizada ou não pelo presidente do Banco Central. Alguns analistas acreditam que Meirelles não irá arriscar entrar num embate entre o prefeito Iris e o senador Marconi e só viria caso Iris abdicasse do cargo em prol de uma candidatura em conjunto. Mas há aqueles que defendem a terceira via e esperam ansiosos por uma decisão em segundo turno.

Sobre Meirelles, Ademir Menezes aponta que o presidente do BC seria um excelente candidato ao governo, mas que não sente segurança em sua postulação. “Meirelles tem todas as credenciais para o cargo mas, pessoalmente, até agora não acredito que ele virá”. Ainda assim, Ademir pontua que Goiás tem caminhado para a abertura de espaço para uma terceira via.

Para o PR, a vinda de um nome neutro como Meirelles e a aglutinação dos partidos da base lulista em uma candidatura forte formalizariam o território perfeito, como já assinalam alguns republicanos. Afinal, o partido ficaria ao lado de todos os eixos governistas. Mas, ao lado de PMDB, PT e PP, poderia chegar a perder candidaturas nos cargos proporcionais, que deve ser o foco da campanha do partido. E, ainda que houvesse a concretização da chapa, dificilmente alguns marconistas do partido abdicariam do seu apoio ao senador. Na Assembleia, oficialmente os deputados se posicionam a favor de Cidinho, mas alguns republicanos não deixam de tecer bons elogios a Marconi, evitando transparecer e fomentar o racha na base.

A versatilidade é tanta que, em reportagem publicada na última edição da Tribuna (ed. 1179, de 11 a 18 de julho), o empresário Júnior do Friboi (sem partido), assumindo perfil de aglutinador, comporia chapa tucana com Marconi no governo, ele na vice e os deputados Ronaldo Caiado (DEM) e Mabel como candidatos ao Senado.

Divisão interna
A partir da premissa de que o partido se identifica com qualquer um dos três principais pré-candidatos ao governo do Estado, surge a especulação de que o PR possa seguir dividido em 2010 para estar tanto com Marconi quanto com Iris nos palanques, caso exista a polarização. Sobre essa cisão interna, Ademir não sinaliza que é o que deve acontecer, mas deixa claro que é algo natural e muito usual na política. “O próprio nome já diz: partido. Nós pregamos o consenso e a convergência, mas cada um tem a sua cabeça, a sua opinião”. Mabel concorda, dizendo que, principalmente no interior, alguns prefeitos não ligam para a decisão do partido ou da gestão nacional e sempre vão apoiar aqueles que estão ao seu lado nos cenários regionais. O deputado completa que dificilmente o PR vai estar dividido em 2010. “É exatamente para isso que estamos nos reunindo, conversando e ponderando as nossas decisões. Para que todos os filiados republicanos tenham voz”.

1º de abril de 2010. Essa é a data que o deputado Sandro Mabel, presidente regional do Partido da República, sinaliza como limite para que as próximas eleições tomem forma em Goiás e, principalmente, para que seja definido o destino do PR. Em entrevista à Tribuna, Mabel teorizou que o pleito será formatado e protagonizado pelos calendários, pois meses como setembro e abril serão decisivos para que o cenário seja finalmente construído. “Os dois prazos, de filiação em setembro e descompatibilização de cargos até o final de março, é que vão dar forma a essa próxima eleição”, diz. Até lá, o deputado explica que o partido não vai se posicionar nem definir de que lado fica, apenas investir nas candidaturas com foco na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal.

A ala goiana do PR deve percorrer um longo caminho de discussões, conversas e ponderações até o momento em que serão firmadas as candidaturas e coligações. Nesse primeiro semestre, já foram feitos cinco encontros regionais para ouvir os filiados. O motivo é simples: o partido pode se colocar ao lado de qualquer um dos principais pré-candidatos, sem que isso danifique sua imagem perante o eleitor e também o seu posicionamento no cenário político. Tanto o prefeito Iris Rezende (PMDB), o senador Marconi Perillo (PSDB) e o presidente do Banco Central Henrique Meirelles (sem partido) podem almejar a parceria com os republicanos. O partido participa, hoje, dos governos federal e estadual e também trabalha a favor da prefeitura em Goiânia.

Ao ser questionado sobre a suposta falta de posicionamento do PR, Mabel rebate o rótulo de “partido governista” com a afirmação de que o partido, assim como seu slogan de campanha dita, tem como marca o trabalho e não o interesse puramente político. O discurso do deputado é de que o PR não possui bola de cristal para adivinhar qual será o lado vencedor nas eleições e que, passado o período das urnas, faz é procurar se esforçar sempre para contribuir.