O Sagres Online continua neste sábado (10/7) a série de entrevistas com os pré-candidatos à Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Goiás (OAB-GO). As entrevistas foram feitas de forma gravada pela internet e todos responderam aos mesmos questionamentos. As eleições serão realizadas na segunda quinzena de novembro.

Hoje, o entrevistado é Pedro Paulo de Medeiros. Advogado há 23 anos, Pedro defende o fim de reeleição na Ordem e anuidade zero.

Sagres: Por que você se lançou como pré-candidato nas Eleições OAB 2021?

Pedro Paulo: Eu sou advogado há 23 anos e, durante todos esses anos, eu vi a OAB assumindo o protagonismo em muitas ações e apresentar soluções para grandes momentos em que nós vivemos no país. Eu também vi a Ordem perdendo esse papel ao longo dos últimos anos e virar disputa de grupos classistas. A Ordem virou hoje uma disputa de poder e se assemelha a uma campanha política tradicional, ou seja, ela perdeu completamente a sua missão de defender e zelar pela advocacia. Eu sou mais um desses que está cansado com essa situação e que depois de tantos anos de profissão resolvi conversar com outras e outros colegas e alinhar as ideias e vontades para que advocacia volte a ser valorizada e respeitada no nosso estado. E mais do que isso, nesse momento tão delicado de pandemia nós precisamos criar condições para que advocacia sobreviva, para que os advogados e advogadas possam ser amparados e que profissão gere condições financeiras para todos possamos passar por essa crise. A OAB precisa dar resposta para a advocacia de Goiás. A OAB Goiás precisa dar condições para todos e não para um pequeno grupo de abastados de parentes do presidente que não tem a mínima ideia das dificuldades que a classe está passando.

Sagres: Por que a classe deve escolher o senhor entre os outros pré-candidatos? Qual o seu diferencial?

Pedro Paulo: Eu sou advogado de verdade, vivo da advocacia. Minha única profissão é a advocacia. Eu não sou empresário. Sou advogado. Minha única profissão e única fonte de renda é a advocacia. Eu venho de um lar em que minha mãe era advogada pública, meu pai era advogado privado. Então cresci em um lar que só conhecemos a advocacia. Eu tenho 18 anos de história de trabalho pela advocacia dentro da OAB e 23 anos de advocacia. Tenho experiência na OAB tanto Estadual quanto Federal. Eu fui Conselheiro Estadual da OAB e diretor da Escola Superior de Advocacia (ESA) em Goiás. Fui Conselheiro Federal da OAB e procurador nacional de Prerrogativas da OAB, portanto cuidava das prerrogativas do Brasil inteiro. Eu fui representante da OAB no Conselho Nacional do Ministério Público, portanto essa minha experiência de OAB me autoriza e permite voltar para o meu estado para cuidar da advocacia do meu estado. Eu me encontro em condições profissionais e pessoais de me dedicar à OAB. E não vou ter a OAB para me catapultar ou me elevar na condição profissional, mas ao contrário. Eu consigo, em razão da minha profissão, me dedicar à OAB. Então não vou pegar o que é da OAB para mim, mas sim doar minha história para a OAB. O nosso movimento tem dado espaço para todos os segmentos do Estado, toda advocacia da capital, das subseções pública e privada, advogados jovens, mais experientes, mais abastados, de início de carreira. Temos espaço para todo o mundo e não quero montar um grupo ou uma chapa só para os meus parentes ou meus amigos.

Sagres: Quais as dificuldades que o senhor entende que os advogados, tanto os de início de carreira, quando os veteranos, enfrentam hoje? Como o senhor pretende trabalhar para atendê-los?

Pedro Paulo: Entre as demandas está a anuidade que hoje é a segunda mais cara do Brasil. A advocacia acha que não tem retorno, não sentem reciprocidade nessa anuidade tão cara. Nós já estamos estudando essa redução, tanto quanto é que temos um programa de 2018, que reiteramos agora em 2021, que tem anuidade zero. Nós faremos convênios com os prestadores de serviço nas empresas, nos comércios para que a medida que o advogado vai comprando e gastando, ele tenha créditos no final do ano. Assim, ele não tem que pagar anuidade. Nós instituiremos o desconto de 100% para os advogados nos três primeiros anos de inscrição. Esses advogados jovens não vão precisar pagar anuidade nesse período, que é quando eles mais precisam da OAB. Os advogados das subseções se sentem discriminados, e nós daremos atenção os advogados das subseções. Tanto é que nós traremos integrantes das subseções para compor conosco a gestão e a chapa nas diretorias e na Caixa de Assistência (CASAG).

Quando fui procurador nacional de Prerrogativas, criamos e instituímos que em cada Estado haveria Procuradoria de Prerrogativas e acabou sendo criado aqui em Goiás por orientação nossa, da época que fui conselheiro federal. Agora, o próximo passo que nós pretendemos dar é regionalizar a Procuradoria de Prerrogativas, ou seja, levar ela para as várias regiões do Estado de Goiás, caso tenhamos a honra de nos tornarmos presidente da OAB. Vamos lutar para que os advogados dativos, que trabalham para aqueles que não têm condições recebam a remuneração do Estado em dia e devidamente atualizado. Essas são as principais lutas. Que todos tenham uma anuidade condizente com a sua condição financeira, que os advogados dativos sejam pagos, que os profissionais das sucessões e os de início de carreira tenham a mesma atenção. E que os advogados tenham a possibilidade de usar as redes sociais a internet para que eles entrem no mercado de trabalho. Queremos ainda aprimorar e melhorar as regras da OAB para que os advogados possam fazer o seu marketing jurídico no ambiente de internet.

Sagres: Como a pandemia afetou o trabalho dos advogados? Qual o planejamento do senhor para minimizar os impactos?

Pedro Paulo: A pandemia afetou a vida de toda a população mundial e a brasileira não foi diferente. Com a advocacia foi ainda pior. Vários colegas nossos fecharam seus escritórios e outros não têm condições de pagar a sua anuidade. E quem fica inadimplente não pode votar. Veja o absurdo. Hoje, mais da metade de advocacia do Estado de Goiás está inadimplente, portanto mais da metade da advocacia do Estado não vai votar agora em novembro. Nós pedimos a OAB que permita que os inadimplentes votem e a OAB negou. Batalharemos para que esses colegas possam votar em novembro, porque eles estão em grande quantidade e não pagam porque não têm condições financeiras. Nós temos que nos dar as mãos e ajudar os nossos colegas. Temos que dar a eles o direito de votar. Se tivermos menos da metade da advocacia votando nas Eleições de 2021, não é um processo democrático. Depois da pandemia, faremos todo o possível para que a OAB dê condições para que os advogados reabram seus escritórios ou possam usar ambientes virtuais e tecnologia. A OAB não pode ser um cerceador ou um limitador do exercício da advocacia. Ela tem que usar o dinheiro que tem na caixa de assistência para facilitar a vida desse profissional.

Sagres: Qual sua avaliação sobre a atual gestão da OAB-Goiás?

Pedro Paulo: Eu não acredito que atual gestão esteja atendendo aos anseios da advocacia, tanto é que 60% ou 70% da advocacia do Estado já disse que quer uma renovação e é exatamente por isso que estamos com o movimento da Nova Ordem. É um movimento que dá oportunidade, voz e vez a toda advocacia do Estado de Goiás. A atual gestão tem seus créditos. Não há dúvida de que em alguns pontos melhorou. Também não há dúvida de errou e não atendeu as demanda, se fechou no pequeno grupo e não deu a devida atenção a advocacia. A OAB não comprou brigas, não defendeu a advocacia, não tentou impedir que o horário do expediente do Judiciário Estadual fosse reduzido pela metade. No sistema penitenciário, os advogados não conseguem falar com seus clientes e a OAB não fala nada. A OAB não compra desgaste. Nesses últimos dois anos e meio você não ouviu falar na OAB, porque ela ficou em prol de um pequeno grupo e não para toda a advocacia. A advocacia, nesse período, precisou do auxílio emergencial, mas eu não conheço um advogado que tenha conseguido o auxílio junto a OAB. A Ordem se esqueceu da advocacia e focou num pequeno grupo. Nós precisamos promover a mudança, a renovação, por isso sou contra a reeleição. A renovação é sempre muito boa para qualquer instituição, principalmente para a OAB que exige essa democratização dos outros órgãos da porta para fora e ela tem que dar esse exemplo da porta para dentro.

Sagres: Qual a mensagem que você gostaria de deixar para os advogados de Goiás?

Pedro Paulo: O movimento que eu tenho a honra de fazer parte, Nova Ordem, é o movimento que renova, que quer mudar para melhor. Queremos manter aquilo que está bom e que funciona e ajustar as falhas. Nós queremos trabalhar com muita coragem e muita lealdade para a advocacia do Estado de Goiás. Nosso ideal é devolver o respeito para a advocacia de Goiás. Essa experiência de 18 anos na OAB e 23 anos de advocacia me autoriza a vir aqui dizer que eu quero trabalhar pela advocacia no Estado.

A próxima entrevista do Sagres Online será com o pré-candidato Rodolfo Otávio Mota. A reportagem será publicada neste domingo (11/8). Você pode conferir as outras entrevistas: