Estudos indicam que os povos indígenas e as comunidades tradicionais ajudam na redução de desmatamento não só na Amazônia, mas também em outras áreas do território brasileiro. Um levantamento do Instituto Socioambiental (ISA) aponta que as Terras Indígenas nos biomas Caatinga, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal são 31,5% mais preservadas do que as áreas ao redor.

O pesquisador Rodrigo Martins dos Santos fez outro estudo na Universidade de São Paulo (USP) que mostrou que em áreas indígenas, quilombolas e outras culturas tradicionais o desmatamento pode ser quatro vezes menor. A percepção de que as áreas ocupadas por essas populações são mais preservadas já era notável por causa do modo de vida quase comum entre todas elas.

Os dados dos dois estudos, portanto, reforçam que são populações que guardam as florestas e que, então, são partes importantes ou centrais nas políticas de preservação. Esse papel de guardiões dos povos indígenas já é reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) baseado numa revisão de mais de 300 estudos publicados nas últimas duas décadas. 

Dados

Mulheres e crianças em trilha dentro da floresta que cerca a aldeia Ikpeng, no Xingu, à procura de árvores com sementes (Foto: Ayrton Vignola)

O MapBiomas levantou dados de desmatamento no Brasil dos últimos 30 anos e constatou que houve perda geral de 69 milhões de hectares (até 2022) de vegetação nativa no país, dos quais apenas 1,6% em terras indígenas. 

Os dados da pesquisa do ISA foram extraídos do MapBiomas e do Prodes Brasil. Outro ponto importante dos levantamentos é que grande parte do desmatamento em terras indígenas ocorreu quando o território ainda não estava demarcado.

Então, os estudos apontaram, assim, a importância da demarcação e a ISA afirmou que “somente a posse indígena efetiva é capaz de garantir a integridade socioambiental das terras indígenas”. Os dois estudos são sobre biomas. Rodrigo Martins dos Santos documentou 186 etnias que existiam antes da chegada dos europeus em seu doutorado. 

A área pesquisada inclui Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo, que têm áreas de Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga. Assim, ele chegou ao dado que mostrou que a taxa de desmatamento é quatro vezes inferior à média regional em áreas ocupadas por esses povos.

*Com CicloVivo

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 13 – Ação contra a mudança global do clima.

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