Foi com essas palavras que o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino e membro do Conselho Estadual de Educação, Flávio Roberto de Castro, descreveu a coordenadora da escola particular onde uma tragédia acabou deixando dois estudantes mortos e outros quatro feridos.

Ele relata o que ouviu da professora de ciências, no momento em que um adolescente de 14 anos, estudante da escola e filho de policiais militares, abriu fogo contra os próprios colegas dentro de uma sala de aula da unidade de ensino no final da manhã desta sexta-feira (20), no Conjunto Riviera em Goiânia.

“Conversamos com a direção da escola, com a coordenadora, que foi uma heroína, com a professora. A professora nos contou que estava em sala de aula, chegou a conversar com o aluno sobre uma questão de feira de ciências e assustou quando escutou um barulho, que acredito que foi o primeiro disparo, acidental, de dentro da mochila. Depois disso ele apresentou a arma, vieram os outros disparos. Ela retirou os alunos da sala e nisso, a coordenadora que estava no corredor, entrou na sala, conversou com o aluno que estava armado e tirou dele a intenção dele de atirar nela e depois apontou a arma para sua própria cabeça. Ela, num ato de heroísmo, segurou a mão dele, o acalmou, tirou ele da sala, desceu para o primeiro pavimento, foi até a biblioteca segurando a mão dele e só largou com a chegada da polícia. Ela foi uma heroína”, ressalta.

De acordo Flávio Roberto de Castro, uma equipe de apoio e de psicólogos foi mobilizada para prestar atendimento às famílias dos alunos da escola e também para os funcionários. Ele reitera o fato de o adolescente que atirou nos colegas não ter nenhuma anotação de comportamento estranho dentro da escola.

“A preocupação do Conselho e do Sindicato é uma reflexão das famílias a respeito deste fato: o que está acontecendo com os nossos jovens, por que estão tão distantes da família e da escola? Entendo que a construção da proposta pedagógica de uma escola passa por um diálogo permanente da escola com a família”, avalia.

Sobre a questão da segurança na escola, o presidente do sindicato afirma que o tema já vem sendo discutido pelos poderes legislativos estadual e municipal, mas que ainda não há uma definição sobre a instalação de equipamentos que detectem a entrada de metais nas escolas.

“A escola tem câmeras de segurança no pátio e não tem nas salas de aula. Há uma linha de pensamento, que já foi proposta pelo legislativo estadual e pela câmara municipal, de se colocar detectores de metal nas portas das escolas. Onde nós vamos parar, se dentro das nossas escolas, tivermos que colocar detectores de metais para evitar que os nossos filhos, nossos alunos, não entrem com uma faca ou com um revólver?”, questiona.

Ainda de acordo com Flávio Roberto de Castro, apesar do ocorrido, as aulas devem ser retomadas na próxima quarta-feira (25), após o feriadão municipal em Goiânia.

“Com todo o respeito a tudo o que aconteceu, a vida continua. A escola precisa se reestruturar. Há pessoas que trabalham lá, estudantes que precisam continuar a sua vida escolar, e temos que caminhar. É uma tragédia sim, mas na quarta-feira (25), a escola deve voltar a funcionar refletindo sobre o que aconteceu, e se há alguma falha, por parte de algum ente, devemos refletir e melhorar”, conclui.