Até o final de 2012 a Prefeitura de Goiânia pretende concluir a etapa inicial das obras do Programa Urbano Ambiental Macambira Anicuns (Puama). O ponta-pé para início dos trabalhos ocorreu nesta sexta-feira (30) com a efetivação das ações para construção dos primeiros 2,9 quilômetros do Parque Linear que, ao todo, terá 24 quilômetros de extensão – o maior da América Latina. Nesta fase, tecnicamente nomeada de setor I, as intervenções vão atingir cinco bairros localizados nas imediações da nascente do Córrego Macambira. A solenidade de lançamento dos trabalhos foi feita pelo prefeito da Capital, Paulo Garcia, às 8h30, na Avenida Nadra Bufaiçal, esquina com a Alameda José Gerson de Moraes, no Setor Faiçalville, ponto de partida das obras.

A Unidade Executora do Projeto (UEP) considera o setor I estratégico porque nele se encontra a nascente do Córrego Macambira. No local, serão construídos dois parques de vizinhança que incluem a construção de playgrounds, quadras poliesportivas, academias de ginástica e bicicletários, além da primeira parte da ciclovia e da pista de caminhada. A previsão é de que a obra dure 210 dias. No cronograma de ações consta também a recuperação ambiental da área abrangida pelo setor I – que vai da Avenida Professor Hélio França, no Setor Faiçalville, até a confluência com o Córrego Pindaíba, entre o Conjunto Residencial Cachoeira Dourada e Residencial Aquárius.

Além de obras no setor I, a Prefeitura começa a construção do Parque Ambiental Macambira. Com área estimada em 25,3 hectares, a previsão é de que este seja concluído em até 180 dias. O parque, que será implantado no Setor Faiçalville, será composto por núcleos socioambientais e de recreação infantil, praça, anfiteatro aberto, pista de caminhada e ciclovia. Ao todo, o município de Goiânia, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), vai investir R$ 185 milhões na construção do Macambira Anicuns. O montante será direcionado à execução das obras do Puama, recuperação dos fundos de vale e canais dos cursos d’água, além da construção das unidades habitacionais para reassentamento das famílias residentes na área de implantação dos parques. O projeto irá beneficiar 131 bairros da Capital com benefícios estruturais como asfalto, iluminação, escolas, unidades de saúde, áreas de lazer, ciclovias, pistas de caminhada e quadras poliesportivas. Todo o projeto deve ser concluído em 24 meses.

Resgate

O arquiteto e urbanista, Luiz Fernando Cruvinel Texeira, avalia que a implantação do Puama vai resgatar um fato histórico da Capital goiana que, ao longo dos anos, foi maltratada em termos ambientais. “De um tempo para cá, os gestores buscaram valorizar o meio ambiente urbano”. Ele ressalta ainda que o projeto é significativo para a cidade. “O parque demorou 12 anos para ter início, mas é louvável, pois vai resgatar a história e a qualidade de vida dos seres vivos”, lembra.

Dentre todos impactos que a implantação do Macambira Anicuns irá causar nos bairros vizinhos e, em síntese, na cidade, Cruvinel reforça duas questões com as quais o projeto visa se preocupar: a qualidade da água e a vegetação natural da área. “São poucos os parques do país que possuem tamanha extensão e que atenderá tantos bairros. As futuras gerações de Goiânia merecem projeto audacioso”, avalia.

A ideia da implantação do Puama surgiu em 2003 – ano em que foi iniciada a negociação com o BID. O programa foi criado com o intuito de recuperar as áreas próximas ao Córrego Macambira e ao Ribeirão Anicuns. Desde a idealização, ele é considerado um dos mais audaciosos projetos no âmbito socioambiental brasileiro. Em 2005, chegou a Goiânia uma equipe do banco responsável por analisar o projeto a ser executado. Três anos depois, ele foi aprovado no diretório do BID, com a assinatura do contrato entre a prefeitura e a instituição sendo realizada em setembro de 2009.

O projeto básico do Puama foi elaborado em 2011 pelo Consórcio Reencontro com as Águas. O edital da licitação das obras foi lançado no dia 21 de novembro do ano passado e a homologação aconteceu no último dia 08 de março. Considerando o concorrente cuja proposta se apresentou mais adequada e de menor preço para realização, foi aceita a proposta apresentada pela empresa EMSA – Empresa Sul Americana de Montagens S.A.

De acordo com a UEP, para a construção dos parques serão desapropriados 788 lotes baldios e 804 edificações, entre elas casas, empresas e construções irregulares em áreas públicas. Os bairros onde haverá maior número de desapropriações são Jardim Europa, Setor Novo Horizonte, Setor Cachoeira Dourada, Vila São José, Vila Adélia, Vila Mauá e Vila Santa Helena.

Moradores

A funcionária pública Marta Arantes, moradora há 14 anos do Conjunto Cachoeira Dourada, um dos bairros que serão contemplados com a implantação do parque, vê com bons olhos a unidade de conservação que deixará para população mais do que uma área de lazer, mas sim uma valorização urbana. “É claro que nossos imóveis terão os valores corrigidos para mais e, sem sombra de dúvidas, os benefícios serão inúmeros”, completa a moradora.

Outro morador que aguardava ansioso o início das obras do parque é o aposentado José Divino Cruz, que reside no Setor Faiçalville. “Fico muito feliz com essa obra, pois um lugar que antes dava lugar ao mato, hoje receberá melhorias”. Zezinho, como é conhecido, revelou que ao longo de 78 anos de idade, quer estar vivo para ver e participar da inauguração de toda a obra.

“Quando lembro da intenção do projeto, sempre fico pensando nos benefícios para os meus netos”, salienta. O objetivo do Puama é contribuir para solucionar os problemas ambientais, urbanísticos e sociais resultantes da ocupação desordenada do espaço urbano (especialmente das margens dos cursos d’água) e estimular a participação dos cidadãos no processo de construção de um desenvolvimento sustentado de Goiânia.

Da Prefeitura de Goiânia.