(Rubens Brandão)

Duas vezes presidente do Goiás Esporte Clube – 1983/84 e 1991 a 1994 – Rubens Brandão bateu um papo com o comentarista Charlie Pereira, da Sagres 730, e relembrou alguns episódios que marcaram suas gestões no Verdão. Os tempos eram outros, cheio de dificuldades financeiras, porém o amor pelo clube falava mais alto.

“A gente só tinha dinheiro no fim do ano quando vendia algum jogador. Era uma época difícil, mas muito boa, muito agradável, dirigir o clube que você gosta”, disse o ex- presidente esmeraldino, que era o comandante quando o clube negociou dois de seu maiores jogadores na história: meia Luvanor e atacante Túlio. Aliás, o meio-campista, que depois iria para o futebol italiano, seria o responsável pela única vez que Brandão chorou por causa de futebol.

Na entrevista, Rubens Brandão, que iniciou o projeto do estádio da Serrinha, também deixa um recado para os dirigentes que comandam o clube atualmente. “Hoje parece que querem esquecer o passado. O passado do Goiás parece que não representa nada”, desabafou.

Charlie Pereira – Presidente Rubens Brandão, o senhor administrou o Goiás no início da década de 90, com títulos e acesso para a Série A. Como era o clube naquele momento?

Rubens Brandão – As dificuldades financeiras eram muito grandes. A gente só tinha, praticamente, as rendas dos jogos. Se bem que naquela época, 60, 70, 80 mil pessoas, eram públicos normais nos jogos do Goiás. Nossos jogadores eram muito mais apegados ao clube do que hoje. Era uma época muito difícil, não só para o Goiás, mas também para outros clubes no Brasil, porque a gente só tinha dinheiro no fim do ano quando vendia algum jogador. O Goiás teve sorte, sempre que terminava um campeonato, conseguíamos vender algum jogador. Era uma época difícil, mas muito boa, muito agradável, dirigir o clube que você gosta.

Charlie Pereira – Me lembro que um pouco antes do senhor assumir como presidente, mas já fazia parte da diretoria, um jogador explodiu: Túlio Maravilha. Como foi o surgimento dele e a negociação com o Sion, da Suíça?

Rubens Brandão – O Túlio foi um dos principais jogadores, mas antes dele, teve o Luvanor, que teve uma venda grandiosa e tornou o Goiás tão grande como é hoje. O Túlio, um craque criado pelo Goiás, jogador que realmente demonstrou fora também, como representar o futebol goiano. Nós vendemos na época, Túlio, Carlos Magno, Luvanor, esses grandes jogadores, criados no Goiás e vendidos até para o exterior, pra nos foi muito bom e muito saudável. O clube trabalhava o ano todo e tinha que no final vender um jogador para pagar suas dívidas. Era muita dificuldade, bem diferente de hoje, que é muito mais fácil dirigir um clube de futebol, pois você tem muita renda e tem negócios com o exterior. Se bem que a despesa aumentou muito. Antes eram poucos e abnegados, hoje são muitos e remunerados.

Charlie Pereira – No período em que o senhor foi presidente, o Goiás já estava projetando o estádio da Serrinha, né?

Rubens Brandão – Eu brinco muito com o Hailé (Pinheiro), porque lá no estádio ainda tem umas placas minhas do lançamento da Serrinha. Mas era um projeto diferente, que nós fizemos na época. Bem diferente do que é hoje. O Hailé com sua abnegação foi aumentando o estádio, mas foi realmente iniciado naquela época, com muita dificuldade financeira. A gente tirava o pouco que nós tínhamos para fazer obras, inclusive com venda do Luvanor para a compra da área do CT, que é muito valiosa.

Charlie Pereira – Quando o senhor olha pra trás e lembra de tudo o que viveu como presidente, se arrepende de alguma coisa?

Rubens Brandão – Não me arrependo de nada. Tudo o que fiz pelo goiás ao lado dos meus companheiros, todos abnegados, sem salário, sem nada, tenha certeza, que se o Goiás é grande hoje, é por causa deles, que trabalharam tanto tempo pelo clube sem receber nenhum tostão, sem interesse, só pelo Goiás. Hoje parece que querem esquecer o passado. O passado do Goiás parece que não representa nada. Quem trabalhou no passado pelo Goiás, parece que não representa nada nesta grandiosidade que é hoje.

Charlie Pereira – Como o senhor falou do passado, vou voltar no tempo. Qual um jogo inesquecível que o senhor presenciou na história do Goiás Esporte Clube?

Rubens Brandão – A classificação nossa contra o Guarani, em Campinas. Eles tinham um timaço e o nosso time também era muito bom. O Luvanor fez um gol espetacular, e vou falar um negócio: foi a única vez que chorei por causa de futebol. Foi uma grande classificação. Fizemos um grande campeonato. ]

Confira a entrevista

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