CARLOS PETROCILO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após problemas com exames dos jogadores do Goiás, o Procon notificou o Hospital Israelita Albert Einstein para explicar o que houve e também deverá responsabilizar a CBF (Confederação Brasileira de Futebol). O hospital tem até sexta-feira (14) para responder aos questionamentos do órgão.

No domingo (9), o Einstein havia admitido falhas ao longo do processo de coleta e testagem do elenco esmeraldino. Dez jogadores receberam o teste positivo somente a poucas horas de jogar contra o São Paulo. A partida, válida pela primeira rodada do Nacional, foi adiada após decisão do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva).

“É uma temeridade, em pleno estado de pandemia, ocorrer erros em diagnóstico de exames”, afirmou secretário de defesa do consumidor Fernando Capez à reportagem.

O hospital afirmou no domingo, em nota enviada à Folha de S. Paulo, que “identificou uma falha técnica na coleta das amostras, feita em um laboratório parceiro em Goiás”. Por isso, solicitou novas amostras, que só ficaram prontas no domingo -contrariando assim o prazo de 24 horas prévias exigido pela CBF.

O Einstein foi contratado pela CBF para monitorar inicialmente com exclusividade o processo de testagem. No entanto, desde segunda-feira (10) a entidade liberou os times para escolher um laboratório de sua confiança. Atlético-MG, Corinthians, Atlético-GO, Ceará, Fortalez e Vasco passaram a descartar o hospital paulistano.

“O hospital tem a responsabilidade objetiva e solidária, mesmo pelo fato de ter sido feito outro local. Caberá a CBF também prestar esclarecimentos, e o Procon deverá notifica-los na sequência”, diz Capez.

Não é a primeira vez que o Procon notifica o hospital por conta de resultados envolvendo times de futebol. Na terça-feira da semana passada, o Einstein também foi acionado por causa de falsos positivos apontados na testagem de 26 jogadores do Red Bull.

Segundo Capez, o órgão deverá, a partir de tomar conhecimento dessas falhas no Einstein, considerado hospital referência no país, fiscalizar o processo de coleta de amostras nos demais laboratórios.

Na atuação referente ao Red Bull, o Einstein garantiu ao órgão que não existe ‘probabilidade de ocorrerem novos erros em diagnósticos decorrentes destes testes’, porque identificou e eliminou uso do reagente (Oligonucleotídeos Sintéticos) que causou divergências.

O hospital admite ao órgão que, entre os dias 1º e 31 de julho, foram realizados 3.558 testes e, destes, 182 foram considerados inconsistentes e, após novas coletas, houve a necessidade de retificar 80 resultados.

O Procon ainda analisa as respostas do Einstein. Capez, no entanto, diz que o hospital não comprou se todos os 182 pacientes citados foram examinados novamente. Ele diz que, em cada caso, seja o do Goiás ou do Red Bull, o hospital poderá receber uma multa de R$ 10 milhões, o valor é baseado no faturamento do Einstein e na gravidade da infração.