Junior Kamenach
Junior Kamenach
Jornalista, repórter do Sagres Online e apaixonado por futebol e esportes americanos - NFL, MLB e NBA

Professor destaca a inovação no ensino e a importância de novas metodologias

A educação no Brasil enfrenta um cenário de profundas transformações. Com o avanço das tecnologias, professores e escolas precisam repensar suas práticas pedagógicas para se adequarem à realidade de seus alunos, que estão cada vez mais imersos no mundo digital. No entanto, inovar no ensino não é apenas uma questão de incorporar as novas tecnologias, mas também de adaptar metodologias tradicionais às necessidades dos estudantes contemporâneos.

De acordo com o professor Luiz Primandade, em entrevista ao Sistema Sagres de Comunicação, o papel do professor tem mudado significativamente. “Hoje, o estudante é bombardeado com uma série de novas tecnologias que a mídia apresenta e que a própria sociedade está vivenciando. Essas transformações têm acontecido ao longo da evolução da humanidade, e não há como a educação ficar fora dessa evolução”, afirma o professor, que trabalha com metodologias inovadoras. Ele é professor de futsal e também é professor colaborador da Faculdade da Polícia Militar, contribuindo para o curso de educação física.

Para ele, o desafio está em equilibrar o antigo e o novo, sem perder de vista a realidade dos alunos. “Aquele professor tem que se adaptar à realidade do estudante. Muitas vezes, a gente nem usa todas as novas tecnologias”, destaca. Recentemente, por exemplo, a discussão sobre a proibição do uso de celulares em sala de aula reacendeu o debate sobre o uso de tecnologias no ensino.

“Hoje, a grande maioria dos jovens utiliza jogos digitais, mas o professor pode fazer o resgate de jogos tradicionais, como tabuleiros, para continuar a interação e o aprendizado. A gente precisa mesclar o novo com o antigo para conseguir potencializar isso em sala de aula”, explica o docente, ressaltando que o uso do celular pode ser um recurso valioso, mas sua possível proibição exigirá criatividade dos educadores.

Adaptação

Além disso, outro ponto destacado é o papel do professor em adaptar o ensino à realidade de seus alunos. “Quando a gente apresenta uma nova metodologia, é preciso fazer uma análise prévia da turma. O desafio maior é o professor ter o que eu chamo de ‘termômetro educacional’, ou seja, sentir a turma. A partir desse convívio, ele consegue proporcionar o que a turma precisa, e não impor o que ele quer como professor”, explica Primandade.

Sendo assim, essa adaptação é especialmente necessária em contextos diversificados, como escolas quilombolas, indígenas ou rurais, onde os estudantes podem não ter acesso às mesmas ferramentas tecnológicas disponíveis em áreas urbanas. “Em Goiânia, por exemplo, a gente tem mais possibilidades de uso de computadores, celulares e internet. Mas, se eu for para o campo ou para a área rural, meu aluno às vezes não tem nem acesso à internet. O maior desafio é o professor conseguir se adaptar à realidade daquele aluno”, reflete o educador.

Assim, a inovação no ensino vai além da simples adoção de novas tecnologias. Nesse sentido, ela passa pelo entendimento das diferentes realidades e necessidades dos estudantes, resgatando práticas tradicionais e mesclando-as com o que há de mais moderno. A flexibilidade e a sensibilidade dos educadores são fundamentais para que o ensino acompanhe as mudanças do mundo e prepare os alunos para o futuro.

Metodologias inovadoras

Luiz Primandade é conhecido por adotar metodologias inovadoras em seu ensino. Um exemplo é o maior aulão preparatório para o Enem de Anápolis, que já se tornou uma tradição no Colégio São Francisco, atraindo estudantes há mais de cinco anos.

O evento tem como objetivo proporcionar uma revisão dos conteúdos de forma diferenciada, aproximando-se da realidade dos jovens por meio de abordagens criativas e dinâmicas. “A ideia é atender aquele aluno que quer revisar o conteúdo do Enem de uma forma diferente da convencional. Fazemos isso através da música, de dicas importantes e da correlação com filmes e séries da Netflix, para falar a mesma linguagem que o jovem de hoje”, explica.

A proposta é clara: além de abordar as matérias de maneira tradicional, o aulão se destaca por oferecer uma metodologia lúdica, utilizando elementos do cotidiano dos alunos para facilitar o aprendizado. “Se a gente for para o lado mais tradicional, que também é importante, vamos atender um nicho de alunos. Mas o aluno que quer revisar de uma maneira mais divertida vai estar presente no aulão, onde conseguimos, através de metodologias ativas, fazer essa revisão de uma forma mais leve”, comenta o professor.

Durante o evento, os alunos têm a oportunidade de recapitular conteúdos já aprendidos ao longo do ano, com foco nas competências e habilidades exigidas pela matriz de referência do Enem. “Os professores presentes ajudam o aluno a revisar aquilo que ele já viu no livro didático, fazendo com que ele possa acertar uma questão e até melhorar seu desempenho no Enem, mesmo que já tenha participado de outras edições”, ressalta o educador.

(Foto: Arquivo pessoal)

Outras inovações

O professor ainda é responsável por outros projetos de destaque na área. Um exemplo é um jogo didático para ensinar botânica aos seus alunos da Escola Estadual Santa Rita, no povoado Santa Rita, em Itaberaí. O Jogo Botânico é um jogo de tabuleiro que envolve personagens inspirados nos quatro principais grupos de plantas estudados no Ensino Médio: briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas.

Cada personagem está relacionado a um desses grupos, como a Brion, representante das briófitas, Pteros para as pteridófitas, Giminon representando as gimnospermas e Angio simbolizando as angiospermas. Assim, os estudantes mergulham na Biologia de forma divertida, tornando-se jogadores enquanto aprendem.

A proposta do professor com o Jogo Botânico é ensinar conteúdos de Ciências da Natureza de maneira interativa e alinhada com as competências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Durante o jogo, os alunos avançam respondendo perguntas sobre as propriedades e características anatômicas de cada grupo de plantas.

O jogo segue a ordem evolutiva das plantas, e as características humanas dos personagens refletem as particularidades de cada grupo. O vencedor é o jogador que acerta o maior número de respostas. Além disso, o Jogo Botânico foi destaque na 3ª edição do Prêmio LED 2024 – Luz na Educação, promovido pelo Grupo Globo e a Fundação Roberto Marinho. Entre as 60 melhores iniciativas semifinalistas, o jogo se sobressaiu como uma prática inovadora e de impacto, especialmente em comunidades quilombolas, indígenas e regiões de difícil acesso.

Futsal para alunos com TEA

Além do aulão, Luiz Primandade também está à frente de outro projeto inovador na área da educação física: aulas de futsal para alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A iniciativa, que já está em fase de desenvolvimento, surgiu a partir de pedidos de pais que desejavam incluir seus filhos em esportes coletivos, contrariando a tendência de recomendar esportes individuais para crianças com TEA.

“O esporte individual é recomendado pela literatura para alunos com espectro autista. No entanto, algumas mães solicitaram que seus filhos pudessem participar de aulas de futsal. Então, estamos trabalhando junto com os pais, mães e a escola para que esses alunos também possam desenvolver habilidades por meio de um esporte coletivo”, explica o professor responsável pelo projeto.

O desafio é grande, mas a equipe está determinada a alcançar resultados positivos. “A coordenação motora e a psicomotricidade são áreas complexas, mas eu costumo dizer que sem sacrifício não há vitórias. A parceria entre pais, responsáveis, escola e professores tem sido fundamental para que possamos colher bons frutos no futuro”, conclui o educador.

O sucesso no ensino não é apenas fruto do esforço individual do professor, mas de um trabalho coletivo que envolve toda a comunidade escolar, desde os alunos até os pais. Esse é o ponto de vista defendido por Luiz Primandade, que tem observado os impactos positivos de metodologias colaborativas em sala de aula.

Resultados

Segundo ele, o método de observação tem sido fundamental para entender como os alunos estão se beneficiando dessas práticas. “A partir da interação, da socialização, das perguntas e respostas que são feitas, conseguimos perceber que os alunos têm gostado bastante”, afirmou.

O professor ainda mencionou que os resultados aparecem também na disciplina dos alunos, na forma como socializam e se integram com os demais estudantes. “Todo esse contexto tem gerado e proporcionado colher novos frutos”, complementou.

Além das notas, a mudança no comportamento dos estudantes em sala de aula também é evidente. “Percebemos uma melhora significativa na disciplina dos alunos e na socialização entre eles. Isso corrobora para o sucesso das novas metodologias”, reforça Primandade que, além de ser professor da rede estadual em Goiás, leciona na PUC em Ceres, com curso de formação de professores.

Participação conjunta

Um ponto crucial levantado é a necessidade de envolvimento da comunidade para que o professor se destaque no seu papel educador. “O destaque do professor vem de uma ação conjunta com a comunidade escolar, desde o porteiro até a gestão da escola, a coordenação”, explicou.

Ele reforça que, sem esse trabalho em equipe, o sucesso seria mais difícil de alcançar. A participação dos pais também se revela indispensável. “A participação do pai do aluno pode ajudar o professor a desenvolver um trabalho melhor”, afirmou, ressaltando que essa conexão entre escola e família fortalece o processo educativo.

Para que o professor se torne uma peça-chave no sucesso escolar, é necessário, segundo o especialista, adotar uma nova visão de trabalho. “Ele precisa trabalhar em conjunto com a comunidade, não só como uma figura unipresente e onisciente. Hoje, vemos que o aluno é um agente ativo no processo, e a comunidade em que ele está inserido também deve ser”, concluiu.

Dicas para aplicação de novas metodologias

Para os professores que desejam implementar essas novas metodologias e obter resultados expressivos, a palavra-chave é “construção em conjunto”. Segundo Primandade, o docente não deve atuar isoladamente, mas buscar apoio na comunidade escolar e enxergar o aluno como um agente ativo no processo de aprendizagem.

“Hoje, vemos que o aluno é um agente ativo, e a comunidade também precisa ser ativa. Acredito que a construção em conjunto é fundamental para o professor ser mais efetivo, atendendo a projetos específicos de cada unidade escolar”, orienta.

Além disso, outro ponto importante é a personalização do ensino. Ao observar as necessidades individuais dos alunos e ajustar as práticas pedagógicas, o professor consegue oferecer um ensino mais adequado, que gera maior engajamento e, consequentemente, melhores resultados.

Com essas práticas inovadoras, os educadores têm conseguido transformar o ambiente escolar, proporcionando não apenas uma melhoria nas notas, mas também no desenvolvimento integral dos alunos, preparando-os melhor para os desafios futuros.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 04 – Educação de Qualidade

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