A professora Maria Letícia do Nascimento, professora da Faculdade de Educação (FE) da USP, defende o direito de crianças de 0 a 3 anos frequentarem creches. “Nesse campo, não adianta ser apenas professora, não basta ser doutora ou ser pesquisadora, tem que ser militante”, diz.
Maria Letícia afirma que todas as pessoas envolvidas com a educação infantil devem lutar para que as 7,2 milhões de crianças da faixa etária que não estavam em creches em 2022 consigam vagas.
O dado da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua realizada pelo IBGE mostra duas realidades: o total de crianças de 0 e 3 anos que estão fora de creches e, do total, cerca de 2,5 milhões que não estão porque não conseguiram vaga.
“A luta por creches não é só das mulheres que saem para o trabalho, das famílias que não possuem onde deixar suas crianças. Na verdade, é uma luta pelo bem-estar das crianças, pela própria formação delas, pela possibilidade de compreensão dos bebês como sujeitos de direitos”, argumenta.
Desenvolvimento educacional
Nem todas as famílias precisam colocar as crianças de 0 a 3 anos em creches. Mesmo assim, a professora da USP explica que o direito constitucional à educação garantido pela constituição apenas a partir dos 4 anos de idade excluía as crianças de 0 a 3 anos de um desenvolvimento educacional adequado.
“Durante muito tempo, se imaginava que os bebês não mereciam espaços adequados e formação própria de professores, para que tivessem uma educação de qualidade”, afirma.
Essa realidade começou a mudar com a “Constituição Cidadã” promulgada em 1988, quando a educação infantil passou a ser ofertada a partir dos 6 meses de idade de forma obrigatória. Maria Letícia conta que a mudança favoreceu as famílias que não podiam dedicar-se exclusivamente a crianças, por causa do trabalho ou estudo.
Local adequado
Segundo a professora, a creche garante o direito à educação das crianças da faixa etária. Pois oferece ensino de qualidade, espaços planejados, brinquedos adequados e profissionais preparados para educá-las de forma segura fora do contexto familiar.
“É exatamente essa possibilidade, em relação a conhecer histórias, ouvir músicas, de ter o outro por perto e de ter diferentes relações sociais estabelecidas. É isso que vai fazer com que eles tenham uma experiência significativa”, afirma.
*Com Jornal da USP
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 04 – Educação de Qualidade.
Leia mais: