A Associação dos Docentes da Universidade Estadual de Goiás (ADUEG) realiza na tarde desta segunda-feira (18) uma manifestação em frente à Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego). A insatisfação está relacionada à redução do orçamento destinado à instituição que pode ser aprovada na Lei Orçamentária Anual (LOA), que deve entrar em votação esta semana na Alego.
A proposta encaminhada pelo governo estadual para a LOA é de R$ 245 milhões, valor inferior ao que a UEG recebeu no ano passado, quando o orçamento foi de R$ 320 milhões. Em entrevista ao Sagres Sinal Aberto, na manhã desta segunda (18), a presidente da ADUEG, Juliana Vasconcelos, citou duas perdas no orçamento da universidade.
“No governo passado, a UEG tinha garantido um orçamento correspondente a 2% da receita líquida do Estado na ordem de R$ 600 milhões. No começo do governo Caiado passou pela Alego uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que retirava esse direito da universidade. A partir de então, passou a configurar o orçamento comum como todas as outras secretarias e autarquias. Para este ano, a proposta de orçamento é de 245 milhões. Isso representa um corte de mais de 50% no valor do que tínhamos. Não queremos que essa proposta seja aprovada, mas que o governo faça jus ao que a UEG tinha anteriormente”, ressaltou.
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A professora ressaltou que a situação da UEG é preocupante. “Ano passado nós deixamos de oferecer vagas em 52 cursos, ou seja, deixamos de atender mais de 2 mil estudantes. Os professores estão há mais seis anos sem receber um reajuste de salário. Nossas 41 unidades universitárias e Campus espalhados em 39 cidades do estado precisam de investimentos. Temos laboratórios sucateados e alunos sem bolsas”.
Juliana Vasconcelos reforçou que o valor que pode ser aprovado pelos parlamentares na LOA não é suficiente nem para pagar a folha de funcionários da instituição. “como que vamos ter bolsas para nossos alunos? Como vamos investir na pesquisa? A gente precisa de recurso”. Mesmo que a antiga proposta dos 2% da receita líquida não seja mais possível, a professora afirma que os docentes estão abertos a negociação. “Nesse primeiro momento, a gente entende que o orçamento seja o ponto de partida de como a universidade deve ser. Estamos à deriva”.
Ela acredita que não houve falta de iniciativa do Conselho Universitário (CSU) para tentar negociar o valor do orçamento anteriormente. “As intervenções dentro da universidade tem mais razão política e partidária do que outra natureza. E o interesse do governo essa reforma (administrativa) era diminuir o tamanho da universidade. Já estávamos dentro da universidade com uma discussão bem avançada. A reforma ia acontecer de forma palatina, entendendo a quantidade de professores efetivos que tinham na universidade. Nós já tínhamos regras para o vestibular e isso consequentemente traria a redução dos cursos e ofertas de vagas, mas nos dava a perspectiva de abrir outros cursos, porque existem outras demandas”.
VOLTA ÀS AULAS
O calendário de 2020 termina em março deste ano e as aulas do ano letivo 2021 retornam em abril. As aulas na UEG vão continuar remotas e a expectativa para o retorno presencial irá depender da vacinação, segundo Juliana Vasconcelos.