O Ensino Superior é visto por muitos como uma saída para encontrar uma realidade melhor, ajudar a família e conseguir ter mais qualidade de vida. Mas infelizmente, esse sonho não é tão fácil de ser alcançado, já que muitos jovens não conseguem arcar sozinhos com os custos da faculdade. As bolsas de estudo são uma porta de entrada de jovens de baixa renda em faculdades de todo país.
As bolsas de estudo são um tipo de auxílio financeiro voltado para estudantes, sejam eles do ensino básico, da graduação ou da pós-graduação. O objetivo é ajudar no custeio de mensalidades e nas despesas acadêmicas, o que inclui transporte, alojamento e material escolar.
Existem pré-requisitos próprios que você precisa atender para conseguir o benefício. E isso varia de acordo com o tipo de auxílio desejado. As bolsas podem ser obtidas tanto em instituições públicas quanto privadas, mas elas não são liberadas para todos os alunos.
Bolsa de estudo
Existem diversos tipos de bolsas de estudo, como programas do governo e iniciativas de instituições de ensino privadas. Um desses benefícios é o ProBem da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG). Para participar do programa universitário, o candidato precisa estar cadastrado no CadÚnico, morar em Goiás e cursar sua primeira graduação na modalidade presencial.
De acordo com a diretora dos Programas Para Juventude da OVG, Rúbia Prado, o programa é direcionado para aqueles estudantes em situação de vulnerabilidade social atestados pelo Indicador de Carência das Famílias Vulneráveis.
“Nós recebemos esses dados do CadÚnico e cada candidato recebe uma nota de acordo com esse indicador, são diversas variáveis que juntas determinam a vulnerabilidade. Esses estudantes estão ranqueados do maior para o menor e as bolsas são distribuídas dos mais aos menos vulneráveis”, explica.
Segundo Rúbia, o programa representa uma oportunidade de transformação na vida dos estudantes e das famílias.
“Nós observamos que essa transformação não é só com os estudantes, e sim com toda a família. Muitas vezes o nosso bolsista é o primeiro a se formar em sua casa, isso tem um efeito muito positivo, pois ele traz outros membros da família, surge a esperança de um futuro e uma vida melhor”, afirma.
Dados
Segundo dados do levantamento ‘Education at Glance’ elaborado pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), apenas 21% dos jovens brasileiros, entre 25 e 34 anos, concluíram o Ensino Superior.
Esse estudo mostra também que o Brasil possui a média mais baixa entre os países analisados na América Latina. Na Argentina 40% dos jovens na mesma faixa etária concluíram o Ensino Superior, no Chile 34%, 29% na Colômbia e na Costa Rica 28%.
Expectativa
A estudante Ana Karolliny de Oliveira Santos, de 19 anos, procurou alternativa para conseguir estudar e viu nas bolsas de estudo essa possibilidade. Ela estudou com uma bolsa de estudos do Probem.
“A bolsa de estudo foi fundamental na minha vida, porque eu estava matriculada na faculdade, mas não sabia se ia permanecer. Quando descobri a bolsa fiquei muito feliz por ver a possibilidade de estudar”, conta Ana Karolliny.
A partir do momento em que realizou a inscrição Ana Karolliny ficou muito ansiosa esperando a resposta. E quando o resultado finalmente chegou foi uma explosão de felicidade da família toda.
“Eu fiquei muito feliz quando ganhei a bolsa, porque queria estudar, mas às vezes isso parecia algo muito distante. A minha mãe também ficou muito feliz por mim. A comemoração se estendeu para a família toda e hoje a gente sabe que é possível”, comemorou.
Nova oportunidade
A estudante Karina Machado Lima terminou o ensino médio em 2019, e ingressou no curso de administração, mas precisou deixar a faculdade, porque não conseguia pagar as mensalidades.
“Precisei trancar o curso, com muita tristeza no coração, mas foi necessário, já que não conseguia pagar as mensalidades. Fiquei um ano fora da faculdade, até que um amigo me apresentou a bolsa. Ele era bolsista, e foi a solução para ele, que foi super prestativo, me ensinou a fazer a inscrição e eu consegui desde o primeiro semestre”, lembra animada.
A jovem conta que seria impossível conseguir a graduação sem a bolsa e que agora está cada dia mais perto da formatura.
“Estou com a bolsa há quase três anos, indo para o sexto período. Sem ela não teria conseguido pagar as mensalidades e comprar meus materiais de estudo. Além disso, com ela tenho a possibilidade de fazer cursos e capacitações por meio do banco de oportunidade”, explica.
A jovem afirma que sem a bolsa de estudo não conseguiria realizar o sonho de se formar.
“Sem essa ajuda eu não conseguiria ter passado do segundo período. Eu percebi que a bolsa é realmente necessária na vida de qualquer pessoa que mora no Estado de Goiás, quer estudar e está dentro do critério de vulnerabilidade social” finaliza a jovem.
Segunda chance
A vida é cheia de surpresas e às vezes pode acontecer uma mudança de planos inesperada. Foi o que aconteceu na vida da estudante Kárita Maria Borges, de 37 anos. A estudante terminou o ensino médio em 2005 e ingressou no ensino superior. Na época ela precisou trancar a faculdade, porque engravidou.
“Precisei escolher entre a faculdade e a gestação e optei pela saúde da minha filha. Hoje, estou de volta a todo vapor. Fiquei quase 20 anos em casa sem estudar e a minha prioridade era os filhos. Passei por um momento muito conturbado quando perdi minha mãe e para não entrar em depressão me inscrevi na bolsa e voltei a estudar. Estou firme e forte para realizar esse sonho que também era a vontade dela”, afirma.
Com essa segunda chance a Kárita descobriu que não existe idade para correr atrás de um sonho. Kárita recebeu uma bolsa de estudos da OVG.
“A idade nunca será um problema, independente se eu tiver com 30 ou 70 anos, se eu tiver vontade e interesse vou conseguir. Tem muita gente que estuda depois da idade adulta, se você se dedicar vai conseguir ir muito além do que você imagina. A idade não é uma limitação”, frisa Kárita.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 4- Educação de Qualidade.
