O imediatismo somado com as pressões e multitarefas, trouxeram consequências negativas na vida de jovens durante e após a pandemia da Covid-19. As questões foram discutidas na última edição da Arena Repense.

O psicólogo e presidente do Conselho Regional de Psicologia de Goiás, Wadson Arantes Gama, alerta para o risco de uma sociedade de “Macarrão Instantâneo”, ou seja, de que tudo ocorra muito rápido e com bastante intensidade.

“É importante que precisamos tomar cuidado com os processos, antes nós já tínhamos dificuldades com os nossos processos, nós temos uma sociedade de macarrão instantâneo, tudo é para a última hora, e aí agora eu posso sair de um espaço, entrar em outro em um mesmo momento, é muito difícil voltar para a rotina, não é fácil”, argumentou.

Wadson também avalia que as multitelas têm interferido diretamente no comportamento das pessoas.

Ele citou como exemplo que durante o período de aulas remotas, em muitos casos, vidas se concentravam com o que estava na sua tela e uma série de circunstâncias à sua volta, o que exige maior capacidade de concentração e esforço, podendo levar à exaustão.

“Quando o adolescente e o jovem estava em 2D a atenção dele estava de uma forma difusa, por isso era muito cansativo, então realmente é difícil ter atenção como elas disseram, outra coisa que ir para o presencial precisa se preparar, tomar banho, pegar ônibus, deslocar o seu corpo e espaço, então neste momento estamos vendo só uma janelinha, realmente isso cansa e deixa a pessoa sufocada”, argumentou.

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Aprendizagem

A jovem aprendiz, Júlia Santos, destacou que durante a pandemia da Covid-19 teve bastante dificuldade quanto a aprendizagem, e foi um momento em que ela precisou de ajuda para continuar vencendo nos estudos, e, ao mesmo tempo, encontrando equilíbrio emocional.

Júlia contou que não pôde ir a formatura dela no Ensino Fundamental, que a escola tinha promovido para que os alunos pudessem se reencontrar. Por prudência, a mãe de Júlia entendeu que ainda não era o momento. Mesmo entendendo a questão de segurança, Júlia contou que teve consequências, mas que recebeu apoio.

“No 9º ano eu perdi a minha formatura do Ensino Fundamental, que o colégio ofereceu um estilo de formatura para gente se ver, comunicar. A gente já tinha começado a vacinar e a minha mãe não permitiu que eu fosse, por questões de saúde, tanto que era impossível estar aglomerado, sem a proteção devida. No 1º ano do Ensino Médio, já estavam voltando com as aulas presenciais e eu perdi 20 dias de aula, porque tive Covid e foi uma experiência pesada e tive auxílio psicossocial, da minha mãe, do meu trabalho”

Acolhimento

Wadson Arantes Gama, alerta que é importante o acolhimento. Ele argumenta que no momento de fragilidades, é oportuno parar, pensar e refletir, inclusive sobre sentimentos que surgem. O psicólogo reforça a importância de ter tempo para organizar pensamentos, e processar ações.

“A sociedade voltou mais agressiva, por isso, é importante acolher e há sentimentos que não conseguimos expressar. É importante refletir sobre a angústia, porque estou sofrendo, preciso estar no meu tempo, e no meu espaço”, disse.

Wadson ressaltou a preocupação quanto aos estudos. “Tenho que estudar a matéria A,B,C, e não que estou perdendo o tempo. Temos que nos preocupar com o risco de não ser uma sociedade automática, tomar cuidado, processar”, completou.

Renapsi

A coordenadora do RH Jovem da Renapsi, em Santa Catarina, Kelly Jacques Faria, relatou que foram vários os casos que chegaram a ela durante a pandemia. No entanto, ela ressalta que é importante que o Jovem Aprendiz procure o Psicossocial do seu polo, caso precise de qualquer apoio.

O conteúdo alinhado

A reportagem contempla os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 3 – Saúde e Bem-estar;