Procurado há 16 dias por um grupo de cerca de 270 policiais em Goiás, Lázaro Barbosa de Sousa, tem personalidade cruel e perversa, com comportamentos psicopáticos e desorganizados. É o que aponta um perfil psicológico baseado no histórico de crimes cometidos pelo homem, que pode ajudar a polícia a prever os próximos passos do fugitivo.

Em entrevista à Sagres, o psicólogo Forense, Shouzo Abe detalhou que existem vários perfis de serial killer, o que pode tornar Lázaro Barbosa um psicopata que é serial killer. Embora o suspeito não tenha um perfil de vítimas nem um modus operandis de igual para cometer seus crimes.

Confira a entrevista na íntegra:

“Quando estudamos perfis criminosos nós temos três tipos de seriais que muitas vezes nos deparamos na sociedade. Até pouco dias atrás colocaram o Lázaro como um Spree killer, que é quando você não conhece o histórico da pessoa, mas sabe que ela matou e está cometendo crimes. As vítimas desses crimes que não tem uma ligação similar uma a outra e forma de cometer esses crimes não tem um modus operandis. Outra expressão que nós temos é o Mass murderer, o assassinato em massa. Que é alguém que comete uma chacina e vai embora. Podendo fazer isso novamente. Aí se pensou, será que é um Spree killer? Ou um Mass murderer?”, explicou.

“A cada momento chegam novas informações que nos ajuda a delinear um pouco melhor esse perfil. Agora estamos entendendo que se trata de um psicopata que é serial killer. É o que tudo indica, um diagnóstico definitivo só pode ser feito após uma avaliação psiquiátrica/psicológica. Estamos levantando uma hipótese. O serial killer é alguém que mata de uma forma seriada onde existe um tempo entre uma morte e outra que nós chamamos de resfriamento emocional. Também é relacionado que as vítimas do serial killer geralmente tem um perfil parecido e que a forma de matar é similiar”, concluiu.

Shouzo Abe explica que essas definições são dos Estados Unidos e da Europa e foram trazidas para o Brasil. No entanto, elas não se encaixam na realidade brasileira. “O serial killer tem uma especificidade, ele não se encaixa tão bem assim e aí nós temos que estudar esse perfil”, ressaltou.

Em relação a psicopatia, o psicólogo afirma que não se trata de uma doença mental e sim de um transtorno que não tira o discernimento da pessoa, que não é algo incapacitante. Ou seja, a psicopatia não tornaria Lázaro inimputável, já que um psicopata tem consciência de suas ações e é responsável pelos seus atos.

“A psicopatia é a definição de uma pessoa que não consegue desenvolver empatia pelo outro, não consegue emocionalmente se colocar no lugar do outro. É uma pessoa egocêntrica, onde ela pensa no desejo e no prazer dela. O fato de não me colocar no lugar do outro me deixa em uma possibilidade de fazer o que eu quero e do jeito que eu quero para alcançar o meu objetivo. Então essa frieza que vimos Lázaro cometendo os seus crimes é muito característica dessa psicopatia. Como já ouvimos falar, ele drogou algumas vítimas e obrigou outras a cozinharem nuas para ele. Ele vai fazendo o que ele quer, colocando a fantasia dele em primeiro lugar e isso não tem limite para ele. Essa personalidade acaba sendo muito perigosa, porque ele não tem problemas em desrespeitar leis. Essa frieza e essa forma calculista e egoísta de pensar é muito característico dessa psicopatia”, esclareceu.