Quando criança, amava visitar sebos literários. Assim como as livrarias dos shopping centers, os sebos me apresentavam a fiel impressão de possuir todos os livros do mundo diante dos meus olhos. Infinitas possibilidades, bastava escolher a “história certa”. No entanto, os sebos, por sua vez, ainda me ofereciam algo a mais: a impressão de ter os pés no passado, com livros que não apareciam nas prateleiras das lojas comuns. Sempre gostei de filmes com personagens que podiam se teletransportar para outras realidades e talvez, os sebos sejam os lugares que nos ajudam a “driblar” o fato de sermos limitados a um único lugar.
Hoje, consigo ainda perceber qualidades que minha mente curiosa do passado ainda era nova demais para constatar. Sebos literários representam também ações importantes em sustentabilidade (toda vez que um livro que seria descartado ganha uma nova casa, há menor produção de resíduos, já pensou nisso?), permitem com que edições antigas continuem circulando, além de serem atores importantes para a valorização dos livros físicos.
No processo de produção do episódio inédito do Literando, descobri ainda uma dimensão mais especial: sebos também contam as histórias de seus donos. E, para a Jéssica que enxergava algo de “fantástico” nesses lugares ainda na infância, foi uma surpresa feliz estar diante da mágica que é ouvir pessoas contarem a história de uma vida, décadas, dedicadas à Literatura.
Armazém do livro
Paulo Márcio é o dono do Armazém do Livro, um dos sebos mais tradicionais no centro de Goiânia. Ao entrar no local, é difícil saber para onde ir primeiro. A esquerda, uma coleção de discos de vinil. A direita, corredores com livros que quase chegam ao teto. Seguindo em frente, surpresa: uma coleção de vinhos selecionados. Alguns, até com autores clássicos no rótulo, como Machado de Assis.
Sebo Feira Cultural Campinas
Há mais de 45 anos no bairro Campinas, região tradicional na capital goiana, vive o sebo Feira Cultural Campinas. Sim, vive. Caso você entre no espaço (espero que você tenha essa oportunidade!), irá perceber que o local carrega mesmo uma espécie de vida própria. Meu palpite é que o fenômeno tem muito a ver com a senhora que sai de trás de seu pequeno balcão, com um sorriso e uma disposição que parece poder encontrar qualquer livro que você venha a pedir. O local é pequeno, há livro, cartazes e fotografias em cada centímetro disponível. E se há algum espaço restante, Rose o preenche com sua simpatia.
Assista ao episódio completo:
Para conhecer mais sobre a história de Paulo, Rose e a cultura dos sebos literários em uma cidade, confira o episódio completo do Literando que já está disponível no Sistema Sagres.