Em 2023, cerca de 61% dos municípios do Rio Grande do Sul (RS) foram afetados por eventos climáticos extremos, como deslizamentos de terra, enxurradas, inundações e alagamentos ocorridos em abril e maio. Esses dados foram coletados, analisados e validados pelos técnicos do MapBiomas através de imagens de satélite. A área afetada totalizou aproximadamente 15.778 km², representando 5,6% da área total do estado de 281.748 km².

Dos 497 municípios do estado, 298 foram significativamente impactados, com pelo menos 1% de seu território atingido. Destes, 73 municípios sofreram danos em mais de 10% de suas áreas, com 34 municípios tendo mais de 20% de seu território afetado. Em Nova Santa Rita e Canoas, mais de metade do território foi impactado, com 52,5% e 50,1% respectivamente.

A produção agropecuária foi a mais atingida, com mais de um milhão de hectares afetados, correspondendo a 64,2% da área total ocupada por essas atividades no estado. Formações campestres também sofreram, com quase 20% de sua extensão atingida.

Impacto em áreas urbanas

Das áreas urbanas, 234 municípios foram afetados, sendo que 67% (158 municípios) tiveram menos de 1% de suas áreas urbanizadas atingidas. Eldorado do Sul foi o mais afetado, com mais de 66% de sua área urbana impactada. Em Mampituba e Canoas, os números foram 49,5% e 42,4%, respectivamente. No total, 0,8% das áreas urbanizadas do estado foram afetadas, correspondendo a 5% da totalidade da área urbanizada do Rio Grande do Sul.

O mapeamento das áreas afetadas foi realizado através da análise de imagens de satélite capturadas antes e após os eventos de precipitação severa. Essas imagens foram cruzadas com o mapa de cobertura e uso da terra da coleção Beta MapBiomas 10 metros de 2022, permitindo identificar e calcular a extensão das classes de cobertura e uso nas áreas afetadas.

Esses dados estão disponíveis no site do MapBiomas. Os técnicos do MapBiomas alertam para possíveis limitações nos dados devido à resolução das imagens de satélite e às características das áreas afetadas.

Além disso, eventos climáticos extremos, como vendavais e precipitações intensas, são frequentes no Rio Grande do Sul durante as estações de transição, com uma tendência de aumento na precipitação e na frequência de eventos severos conforme as projeções do IPCC. As normais climatológicas do INMET confirmam um aumento significativo na precipitação anual entre os períodos de 1961-1990 e 1991-2020.

El Niño e La Niña

O clima do Rio Grande do Sul é fortemente influenciado pelos fenômenos El Niño e La Niña, que causam variações significativas na precipitação anual. Durante anos de La Niña, há uma tendência de redução na precipitação, enquanto anos de El Niño resultam em precipitações mais intensas e volumosas.

No recente El Niño, quatro eventos de precipitações severas foram registrados no estado, culminando em chuvas extremas em abril e maio de 2024, com registros de mais de 500 mm em duas semanas e acumulados superiores a 1.000 mm em algumas regiões, resultando em graves movimentos de massa e inundações.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática

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