A cidade adora lutas e o fato se traduz nas centenas de academias e clubes das mais diferentes modalidades. Mesmo com os combates do UFC sendo transmitidos nas madrugadas, quando as pessoas acordam as discussões começam antes das missas e das escolas dominicais. O espanto da semana é com a derrota do brasileiro Anderson Silva para o americano Chris Weidman. Não interessa se Anderson usou a galhofa como estratégia ou apenas quis humilhar o adversário, o que conta é o nocaute e a perda do título. Foi o que ocorreu com Iris Rezende em 1998 e poderá acontecer com qualquer um em 2014.

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Anderson era o favorito e é muito melhor lutador que Chris. Na pesagem, Anderson beijou Chris. No octógono, Anderson beijou a lona. É difícil surgir zebra na disputa pelo governo porque a luta tem milhares de assaltos. E assalto aqui não tem qualquer referência a roubo, até porque falar em ladroagem em campanha eleitoral é redundância. Marconi Perillo era o desafiante de 15 anos atrás. A turma de Iris fez todas as gracinhas possíveis, abaixou a guarda, debochava dos oponentes, enfim, ensinou a Anderson Silva como derrubar a bolsa de apostas e cair estatelado no segundo round, opa!, no segundo turno.

Estão gargalhando de Vanderlan Cardoso, o Chris Weidman canedense.

Estão rindo de Ronaldo Caiado, o Chris Weidman ruralista.

Estão zombando de Paulo Garcia, o Chris Weidman petista.

E, a soberba suprema, estão desprezando Iris Rezende, o Anderson Silva de 1998 que pode ser o Chris Weidman de 2014, pois está com fôlego e treinando como jovem.

Aliás, existe prepotência ainda maior: estão considerando derrotado antecipadamente Marconi Perillo, o Chris Weidman de 1998, que virou o Anderson Silva de 2013. Marconi quer ser o Chris Weidman do próximo ano, porque no momento quem está sendo surrado é ele, o favorito é Iris, com mais de 20 pontos na frente.

Campanha eleitoral não se compara com UFC porque o MMA não admite golpe baixo e proclama vitoriosa a vítima de manobra ilegal. Mas na política quem aplica triângulo é o governo, quem dá chave-de-braço é a oposição e o povo é quem sofre em todos os assaltos, os figurados e os dos figurões.