(Foto: Portal 730)

Em uma única semana três rebeliões foram deflagradas no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. Para algumas pessoas a crise que se instaurou no sistema penitenciário representa uma tragédia anunciada. Por outro lado, há divergências quanto à responsabilidade do poder público na questão.

Com o objetivo de debater o assunto, compareceram aos estúdios da Rádio 730 o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em Goiás (OAB-GO), Roberto Serra, e os defensores públicos, Rafael Mourthé Stailing e Salomão Rodrigues Neto.

Na segunda-feira (01), nove presos morreram e outros 14 ficaram feridos na Colônia Agroindustrial do Semiaberto. Na quinta-feira (04) os presos iniciaram uma nova rebelião na Colônia, mas a situação foi rapidamente controlada pelas forças policiais.

Já na sexta-feira (05), uma terceira rebelião foi deflagrada, dessa vez na Penitenciária Odenir Guimarães (POG). Assim como no motim anterior, a polícia conteve os detentos. Ninguém se feriu nas duas últimas rebeliões.

De acordo com o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-GO, a Ordem está pleiteando a interdição da Colônia Agroindustrial.

“Nós fizemos algumas inspeções há alguns anos e em face dessas inspeções nós promovemos uma ação civil pública, que tramita perante a oitava vara da justiça federal, na qual nós estamos pleiteando a interdição do regime semiaberto. O que está acontecendo hoje é uma tragédia anunciada”, destaca Roberto Serra.

Assim como Roberto Serra, o defensor público Salomão Rodrigues Neto acredita que as rebeliões correspondem à uma tragédia anunciada.

“É uma tragédia mais do que anunciada. O que nós estamos vendo é mais do mesmo. É a repetição do que aconteceu há um ano nos estados de Amazonas e Roraima: a barbárie, vários presos mortos. Inspeções são realizadas, os problemas são vistos e pouco se tem feito para que isso mude. A tendência é que isso (rebeliões) ocorra e que seja cada vez pior.  Hoje o Brasil vive um sistema de encarceramento em massa”, destaca Salomão Neto.

Já Rafael Mourthé Stailing afirma que apesar da tragédia, as rebeliões podem levar a reflexões que futuramente podem culminar com a implantação de melhorias no sistema carcerário.

“A despeito das responsabilidades estarem sendo jogadas de um lado para o outro, o que nós temos percebido e esperamos é que essa tragédia pelo menos resulte em melhorias. É uma panela de pressão. A questão é: o sistema está afogado, não é só o regime semiaberto”, opina.