O estudante Mateus Ferreira da Silva, de 33 anos, foi transferido na manhã desta quarta-feira (3) da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) 3 para a 2. Isso foi possível depois que o quadro clínico dele apresentou melhora e já não corre mais risco de morte.

Mateus foi atingido na cabeça por um golpe de cassetete, deferido por um policial militar durante as manifestações de sexta-feira (28), no centro de Goiânia. O estudante sofreu um trauma na região central, o chamado “osso da testa”, e precisou passar por cirurgia para reconstituição da face.

De acordo com o médico intensivista e coordenador da UTI 2, Alexandre Amaral, em entrevista à repórter Giuliane Alves, apesar de o golpe ter sido na cabeça, as complicações acabaram atingindo o sistema renal de Mateus, motivo pelo qual ele precisou ser submetido a uma hemodiálise.

“Pacientes que recebem traumas de alta intensidade, podem vir a ter um processo de bronco-aspiração, que é um conteúdo intestinal, do estômago, passa a ir para o pulmão, e consequentemente há uma reação inflamatória pulmonar, e essa reação inflamatória cria certas substâncias que circulam pelo organismo e pode afetar algum órgão. Com ele, primeiramente atingiu o rim”, explica.

Segundo o médico, na UTI 2 o estudante deverá continuar com o tratamento. A diferença é que, nesta unidade, Mateus poderá contar com a presença dos familiares por um período máximo de 12 horas por dia, fator que auxilia diretamente na recuperação do paciente.

“Isso faz com que o Mateus perceba que está em um ambiente mais seguro, ou seja, estar com o pai, a mãe, com a pessoa que se ama, traz benefícios. Por exemplo menos agitação, menos necessidade de sedativos e, possivelmente, uma retirada daquela ventilação mecânica de forma mais precoce”, esclarece.

Apesar de não correr mais risco de morte, o estado de saúde do estudante ainda é considerado grave, principalmente por conta da questão pulmonar, que ainda requer cuidados. O médico explica ainda quais são as possíveis sequelas que, embora momentâneas, Mateus poderá apresentar após receber alta.

“Sequelas motoras, que são aquelas em que ele não mexe algum membro, isso ele não terá. Até o momento, esse trauma não afetou isso. O que ele pode ter são sequelas cognitivas, relacionadas a perda de memória, agitação, esquecimentos, algo relacionado a comportamento. Porém, estas sequelas, na maioria das vezes, são momentâneas”, ressalta.

Mateus Ferreira está no quinto dia de internação no Hospital de Urgências de Goiânia, e ainda não possui previsão de alta.