O Ministério da Saúde registrou 3.567 ocorrências ambulatoriais de transtornos mentais relacionados ao trabalho em 2023. Desse total, 2.579 atendimentos foram para mulheres e 988 para homens. O dado revela um aumento de 54% dos atendimentos de 2022 para 2023, pois no ano anterior foram registrados 2.535, dos quais 1.655 atendimentos para mulheres e 880 para homens.

Entre os atendimentos para transtornos mentais estão os casos de burnout, que resulta de exaustão extrema de trabalho desgastante. A pasta da Saúde atendeu 393 pessoas com burnout em 2023, 282 mulheres e 111 homens. No ano anterior, foram 227 atendimentos, com 164 para mulheres e 63 para homens. 

As mulheres são maioria em diagnósticos da Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional porque além do trabalho são mais sobrecarregadas com as tarefas domésticas. A dupla jornada contribui com o esgotamento físico e mental das mulheres, que também são a parte da população que mais procura a assistência médica. 

Dupla Jornada

O cenário apresentado pelos dados do Ministério da Saúde está diretamente relacionado com o ODS 03 – Saúde e bem-estar, que visa assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades. Mas também ao ODS 08 – Trabalho Decente e Crescimento Econômico, que tem entre os seus objetivos a meta de proteger os direitos trabalhistas e promover ambientes de trabalho seguros para todos.

No entanto, o principal ponto de relação com o aumento dos casos de burnout é o ODS 05 – Igualdade de Gênero, que visa entre suas metas o reconhecimento e a valorização do trabalho de assistência doméstica não remunerado. As mulheres enfrentam uma pressão maior que os homens para equilibrar a vida profissional e pessoal.

Especialistas destacam essa múltipla vivência de papeis principalmente nas atividades de cuidado, sobretudo porque muitas mulheres cuidam de mais de uma pessoa e de faixa etária diferentes.

Burnout

Um levantamento do Infojobs mostra que 83% das mulheres enfrentam a dupla jornada de trabalho. Mas, ao conciliar o emprego com as tarefas domésticas e os cuidados com a família, mais da metade não tem ajuda de parceiros.  

Elas disseram no levantamento que há mais dificuldade para progressão de carreira em comparação com as chances dos homens. No ano passado, 7 em cada 10 mulheres relataram ter perdido oportunidades de trabalho por ser mulher e 58% passaram pelo constrangimento de perguntas invasivas que não envolviam suas habilidades profissionais.

De maneira geral, as mulheres responderam que conseguir emprego, conquistar reconhecimento e progredir na carreira é mais difícil para elas do que para os homens. Além de que precisam demonstrar mais qualificações para os cargos de chefia. Por fim, 77% observaram que mulheres e homens não têm oportunidades iguais de crescimento profissional.

A pressão pessoal e profissional gera os sintomas do burnout, que começam o esgotamento físico e mental. A síndrome gera problemas físicos como dor de cabeça e insônia e questões emocionais, como insegurança e sentimento de fracasso.

O esgotamento físico e mental derivado da longa jornada de trabalho é tratado com psicoterapia e em casos mais graves com medicamentos antidepressivos e ansiolíticos.

*Com informações da Folha de São Paulo e do Brasil de Fato

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