As mulheres desempenham um papel fundamental na segurança alimentar global. Em muitas culturas, são elas as principais responsáveis pela alimentação da família e detentoras de conhecimentos ancestrais sobre nutrição e saúde. No entanto, apesar de sua importância na produção de alimentos, as mulheres rurais enfrentam grandes desigualdades.

Nos países em desenvolvimento, as mulheres representam cerca de 45% da força de trabalho agrícola, chegando a 60% em algumas regiões da África e da Ásia. São responsáveis por mais da metade da produção de alimentos e atuam diretamente na preservação da biodiversidade. Seu trabalho garante a segurança alimentar de milhões de pessoas ao redor do mundo, promovendo a soberania alimentar por meio de práticas sustentáveis.

Mesmo com sua expressiva contribuição, essas mulheres enfrentam barreiras estruturais significativas. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), elas possuem apenas 30% das terras agrícolas, têm acesso a apenas 10% dos créditos e recebem apenas 5% da assistência técnica. Muitas vezes, são impedidas de serem proprietárias das terras que cultivam, o que compromete sua autonomia e sustento.

As desigualdades de gênero no campo resultam em um impacto profundo na segurança alimentar global. Dados da FAO revelam que cerca de 60% das pessoas que sofrem de fome crônica no mundo são mulheres e meninas. A falta de acesso a recursos e oportunidades não só compromete suas condições de vida, mas também afeta a capacidade de produção de alimentos e a nutrição das futuras gerações.

A valorização do trabalho das mulheres rurais e a garantia de seus direitos são passos essenciais para combater a fome e promover um sistema alimentar mais justo e sustentável. Medidas como acesso equitativo à terra, crédito e assistência técnica são fundamentais para fortalecer sua atuação e garantir uma segurança alimentar duradoura para todos.

Estudo

Um estudo do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (Ipedf) revelou um cenário preocupante sobre a insegurança alimentar na capital, especialmente entre famílias chefiadas por mães solo negras com crianças de 0 a 6 anos. De acordo com a pesquisa, 41,5% dessas famílias enfrentam dificuldades para garantir alimentação adequada, evidenciando a necessidade urgente de políticas públicas voltadas para esse grupo.

Os dados, extraídos da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD) de 2021, mostram que a insegurança alimentar afeta 30,7% dos lares com crianças pequenas no DF, um índice superior à média geral da cidade, que é de 21%. A situação é ainda mais grave entre as famílias de baixa renda, pertencentes às classes D e E, onde a taxa de insegurança alimentar chega a 57%, enquanto na classe A esse percentual é de apenas 5%.

A pesquisa também destaca a diferença entre fome e insegurança alimentar. Enquanto a fome é caracterizada pela ausência total de alimentos, a insegurança alimentar se manifesta na incerteza sobre o acesso a refeições e na necessidade de reduzir a quantidade ou qualidade da alimentação.

Rio de Janeiro

Uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) colocou em evidência o papel fundamental das mulheres na agricultura e sua vulnerabilidade frente à insegurança alimentar.

Apesar de representarem mais de 40% da força de trabalho no campo, elas compõem a maior parte da população em situação de fome no estado, conforme apontado por dados do IBGE.

O encontro reuniu parlamentares, representantes do governo e organizações da sociedade civil para discutir políticas públicas voltadas à valorização das trabalhadoras rurais.

Um dos temas centrais foi a Lei 365/23, aprovada pela Alerj e que busca garantir melhores condições de trabalho, acesso a recursos e capacitação para mulheres agricultoras. No entanto, a legislação ainda aguarda regulamentação para entrar em vigor.

Outro ponto de destaque foi o Plano Estratégico de Desenvolvimento Econômico e Social do Estado do Rio de Janeiro (Pedes), que propõe ações para combater a insegurança alimentar. O programa foca tanto no aumento da produção da agricultura familiar quanto no acesso a uma alimentação adequada para a população mais vulnerável.

Um relatório com os resultados do plano deverá ser apresentado em breve à Alerj, permitindo um aprofundamento das discussões e a formulação de novas estratégias.

ONU

Apesar de representarem uma parcela significativa da força de trabalho agrícola e serem responsáveis por grande parte da produção de alimentos no mundo, as mulheres ainda enfrentam desafios estruturais que limitam sua capacidade produtiva. A desigualdade de acesso à terra, ao crédito e à assistência técnica não apenas compromete sua atuação no setor agrícola, mas também impacta diretamente a segurança alimentar global.

As mulheres desempenham um papel essencial na preservação da biodiversidade e na produção de alimentos em diversas comunidades. No entanto, a persistente desigualdade de gênero afeta sua autonomia e eficiência no campo. Sem acesso equitativo a recursos, sua capacidade de contribuir para a erradicação da fome é reduzida, aprofundando o problema da insegurança alimentar.

Além disso, a fome crônica afeta de forma desproporcional mulheres e meninas, evidenciando a necessidade de políticas públicas que promovam sua inclusão no setor agrícola. Garantir que tenham os mesmos direitos e oportunidades que os homens é um passo essencial para reduzir as desigualdades e fortalecer a segurança alimentar mundial.

O empoderamento das mulheres no campo é uma estratégia fundamental para o desenvolvimento sustentável. Quando possuem os mesmos recursos que os homens, as mulheres conseguem aumentar significativamente a produção agrícola e melhorar a distribuição de alimentos, beneficiando toda a sociedade.

A promoção da igualdade de gênero é, portanto, um elemento central na luta contra a fome e na resposta a desafios globais, como as mudanças climáticas. Investir na capacitação e no acesso das mulheres a recursos agrícolas pode transformar a segurança alimentar e promover um futuro mais justo e sustentável para todos.

Para mais detalhes, acesse o artigo completo no site da ONU Brasil: O Papel das Mulheres na Segurança Alimentar.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 02 – Fome Zero e Agricultura Sustentável; ODS 05 – Igualdade de Gênero

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