SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ministro da Defesa russo, Sergei Choigu, falou por telefone neste domingo (23) com seus homólogos europeus Sébastien Lecornu, da França, Ben Wallace, do Reino Unido, e Hulusi Akar, da Turquia, sobre a tensão crescente na Ucrânia. A movimentação, em um único dia, é a mais intensa desde o início da guerra.

Durante as ligações, o ministro russo afirmou que a situação na Ucrânia “tende a uma escalada maior e descontrolada”, de acordo com nota divulgada pelo Ministério da Defesa do país. Ele também expressou preocupação com “possíveis provocações da Ucrânia com o uso de uma ‘bomba suja'”.

O Kremlin, entretanto, não ofereceu nenhuma evidência que sustente a alegação.

Em comunicado, Lecornu disse que a França deseja uma resolução pacífica para o conflito e que não vai se envolver na escalada da guerra de forma nenhuma, especialmente em relação às opções nucleares. O francês afirmou ainda que planeja conversar em breve com seu colega de Defesa ucraniano.

O britânico Wallace, por sua vez, refutou as acusações feitas pelo ministro russo de que os países do Ocidente estão facilitando um plano de Kiev para escalar o conflito na Ucrânia.

Neste domingo, Choigu também falou por telefone com o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, no segundo contato entre eles em três dias. Antes, não se falavam desde maio. Moscou não informou o conteúdo da conversa nem que temas foram debatidos.

Em nota, o governo americano reforçou a necessidade de linhas de comunicação em meio à guerra, e um diplomata russo disse à agência estatal Tass que a ligação era necessária para eliminar mal-entendidos.

A Rússia enfrenta uma contraofensiva ucraniana desde o final de setembro nas regiões leste e sul.

Em outubro, um caminhão-bomba ucraniano explodiu a ponte da Crimeia, estrutura que liga a península anexada pela Rússia em 2014 ao território russo. Em resposta, o presidente russo, Vladimir Putin, coordenou um amplo ataque a cidades ucranianas mirando infraestrutura de abastecimento de energia.

Cidades em todo o país enfrentam falta de água e eletricidade, e o governo ucraniano fala em mais de um milhão de pessoas sem energia. Por outro lado, no sábado (23), autoridades do Kremlin em Kherson, no sul da Ucrânia, pediram a saída imediata de civis e de ministérios da administração russa na região.

O comunicado veio após avisos de uma iminente ofensiva ucraniana para retomar o controle da cidade.