Com o avanço da pandemia do novo coronavírus pelo mundo, as rotinas foram alteradas trazendo desgastes emocionais, alimentação incorreta e comodismo sobre a prática de exercícios físicos. Isso leva à reflexão sobre o terceiro item da lista de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU, de “Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas e todos, em todas as idades”.

Na realidade brasileira, antes da pandemia, 47% da população já não praticava o mínimo de exercícios físicos para uma vida saudável. Os dados são de uma pesquisa da Organização Mundial de Saúde (OMS), que também revelam que o sedentarismo é o quarto maior fator de risco de mortes no mundo.

O terceiro item do ODS pode ser alcançado, mas é preciso conscientização em primeiro lugar, a começar pela questão psicológica. Ela deve ser levada em consideração para atingir uma vida saudável.

A psicóloga clínica Letícia Peres explica que com o isolamento social as pessoas descobriram muitos sentimentos que estavam guardados. “O desequilíbrio emocional já existia nas pessoas. O que a pandemia fez foi coloca-las voltadas para si. Com isso veio a dificuldade de enfrentamento dos sentimentos”, pontua.

Não custa lembrar que a pandemia e o isolamento social pegaram a todos de surpresa, forçando uma adaptação ao chamado “novo normal”. Contudo, muitas pessoas se acomodaram e ao longo dos dias os males começaram, inevitavelmente, a aparecer, como dores no corpo, aumento de peso e ansiedade.

Letícia ressalta que nesse período é normal que as pessoas critiquem o momento vivido, porque sentem falta de uma liberdade que elas tinham há poucos meses.

“É importante que a pessoa não fique se lamentando. O melhor remédio para ter um equilíbrio mental nessa pandemia é viver o agora. É identificar o que pode ser aproveitado, pois enquanto lamenta um ano está passando”, ressalta.

Em busca de uma vida saudável

Nesse meio tempo de quarentena, psicólogos, nutricionistas e personal trainers ganharam um lugar primordial na batalha diária de busca por uma vida saudável em confinamento. Lucas Pereira é personal trainer e explica que a maioria das pessoas perceberam a necessidade da atividade física no isolamento social. Ele ressalta que os exercícios diários podem, além de tratar ansiedade, evitar que a pessoa adquira essa disfunção psicológica.

“A atividade física libera a endorfina, que dá o prazer. Mas essa sensação é momentânea, o que justifica a indicação da prática de exercícios físicos diariamente ou pelo menos três vezes por semana”, destaca.

Ao mesmo tempo, movimentar-se previne outras doenças e faz com que as pessoas evitem o uso de medicamentos. “A osteoporose é a fragilidade dos ossos e o exercício físico os fortalece. Assim, a probabilidade de quebrá-los fica bem menor. E geralmente o público mais atingido por essa doença são as mulheres”, explica.

Outra doença que tem se tornado comum entre os brasileiros é a hipertensão. Ela é uma disfunção na circulação. “Muita gente sofre de hipertensão antes dos 40 anos. E está clara na literatura científica que o exercício físico está ligado ao sistema circulatório”, defende.

Você é o que você come?

Assim como cuidar do psicológico e praticar exercícios, a alimentação também é algo muito importante para uma vida saudável. Karen Cristina Marques é nutricionista clínica e reconhece que a pandemia pode ter diminuído a renda de muitas famílias brasileiras, mas, segundo ela, existe a possibilidade de comer bem dentro de sua realidade financeira.

“É importante se adequar a realidade de cada lar. Nesse período de pandemia a renda de muitas pessoas diminuiu, mas é importante entender que o dinheiro de comprar um pacote de bolacha recheada pode ser investido em uma fruta”, defende.

De acordo com a nutricionista, muitas pessoas optam por alimentos ricos em açúcar e carboidratos pensando estar economizando, mas é o organismo quem paga a conta. “Isso pode parecer mais barato, mas a conta dessa escolha vai chegar no final do mês revertido em problemas de saúde”, afirma.

Assim, Karen dá uma dica sobre o consumo de carboidratos. “Os carboidratos dão uma sensação de saciedade muito passageira. Dessa forma a pessoa vai sentir fome em pouco tempo e terá que comer novamente. O indicado é fazer o consumo de castanhas e nozes”.

Confira essas dicas da nutricionista Karen para ter uma alimentação equilibrada e acessível:

“As vitaminas e minerais são indispensáveis para o bom funcionamento de nosso organismo, mas devido a crise que enfrentando por conta do novo coronavírus, o acesso a essas vitaminas e minerais ficaram mais dispendiosos. Então, aqui vai uma lista de alimentos acessíveis e saudáveis para não perder a saúde na quarentena.

1- Vitamina C (ácido ascórbico): Facilmente encontrada na laranja, limão e tomate;

2- Vitamina A (retinol): Abóbora cabotiá, fígado e cenoura;

3- Vitamina do complexo B: Vegetais verdes escuros (como o couve), fígado e ovos;

4- Vitamina E (tocoferol): Vegetais verdes escuros, gema de ovo e óleo de girassol;

5- Vitamina D (calciferol): Leite e queijos magros;

6- Vitamina k: Brócolis e couve.

Movimente-se!

O personal trainer Lucas Pereira também tem dicas para você que quer se manter saudável ou começar uma vida de atividades físicas. “Esses são os principais exercícios físicos que podem ser feitos em casa, sem restrição de idade”.

Foto: Divulgação/Personal Trainer Lucas Pereira

Panturrilha em pé: nesse exercício é necessário usar algum degrau para que possa ficar com a metade do pé livre para subir e descer. Repita uma sequencia de 15 sobe e desce três vezes.

Foto: Divulgação/Personal Trainer Lucas Pereira

Agachamento livre: simule a posição de se sentar e levantar de uma cadeira 15 vezes, descanse por aproximadamente um minuto e repita a sequencia.

Foto: Divulgação/Personal Trainer Lucas Pereira

Prancha frontal: com os antebraços firmes ao chão e na ponta dos pés, mantenha o corpo em alinhamento por aproximadamente 30 segundos. Repita o exercício por três vezes. Você também pode dificultar o exercício conforme o vídeo abaixo, caso sinta muita facilidade na primeira opção.

Flexões: Finalize sua sequencia de exercícios com 20 flexões.

Dili Zago é estagiária do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com o Iphac e a Faculdade Araguaia, sob supervisão do jornalista Johann Germano