Fevereiro Laranja é o mês de conscientização e combate à leucemia. Tipo de câncer no sangue, que entre 2020 e 2022 atingiu mais de 10 mil brasileiros, sendo 5.920 homens e 4.890 mulheres, de acordo com dados divulgados pelo INCA – Instituto Nacional do Câncer.

Diante de números tão significativos, a conscientização da população quanto à doação de medula óssea é um dos desafios em toda e rede de saúde pública no Brasil. Especialmente em Goiás, a Rede Hemo – da Rede Estadual de Hemocentros – é quem faz toda a gestão compartilhada com o Governo Federal na busca por novos doadores.

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Em entrevista ao Sistema Sagres de Comunicação, a diretora técnica da Rede Estadual de Hemocentros, Ana Cristina Novais, destacou um dado que só aumenta a importância em ser doador de medula óssea: apenas uma em cada 100 mil pessoas tem compatibilidade com outra fora da família. Já entre irmãos, a possibilidade é de 25%.

“É um fato muito especial, porque uma vida pode ser salva em um momento crítico, pois para doação de medula, a compatibilidade fora do seio familiar é de uma para cem mil pessoas. Imagine um desespero de uma família precisando de um transplante. Por isso é importante o cadastro”, ressalta Ana Cristina, que deu mais detalhes sobre os primeiros passos para se tornar um doador.

“Precisa ter entre 18 e 35 anos, estar em um bom estado de saúde, não ter nenhuma doença neoplásica, hematológica ou no sistema imunológico. Então é ir até um Hemocentro, que são os únicos que tem esse cadastro, para uma coleta básica de 5ml. A pessoa deve ir com os documentos oficiais com foto, então faremos os exames de compatibilidade e os dados são encaminhados para a plataforma REDOME”.

Registro Nacional

O Brasil tem atualmente o 3º maior banco de dados do mundo, com 5.586.137 pessoas cadastradas no Registro Nacional de Doares de Medula Óssea (REDOME). Em Goiás, são 239.197 pessoas aptas para doação, que após o primeiro cadastro no Hemocentro, ficam com os dados compartilhados na plataforma do Ministério da Saúde.

“Continuamente os dados são cruzados, do doador com o recebedor. Havendo a compatibilidade, mais uma vez o Hemocentro entra em contato com o doador e pergunta se a pessoa quer mesmo doar a medula, pois não é obrigada. Então, caso a pessoa aceite, o Ministério da Saúde assume, com todo o custo para a doação, que pode ser feita de duas formas: com máquina de aférese, como é para doação de plaquetas, ou ser retirado com uma seringa diretamente da medula, no osso do quadril. É procedimento considerado simples do ponto de vista da grandiosidade e em uma semana, até 15 dias, o doador retoma sua vida normal, e o recebedor tem uma grande chance de sobrevida e cura”, explicou Ana Cristina, que também destacou a necessidade da atualização do cadastro, que pode ser feita por um aplicativo.

“Também existe o aplicativo REDOME. Por ele você pode atualizar os dados e inclusive emite uma carteirinha de doador. Imagine o quanto é importante a atualização, pois é muito difícil encontrar a compatibilidade”.

São nove unidades do Hemocentro em Goiás: Goiânia, Rio Verde, Catalão, Ceres, Jataí, Porangatu, Formosa, Quirinópolis e Iporá. Segundo Ana Cristina Novais, ações de conscientização para a doação sempre são feitas, mas o cadastro de novos doares atinge o número esperado.

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“O nosso cadastro fica sempre abaixo, pois a demanda é muito grande. Procuramos sempre estimular a doação, inclusive fizemos uma campanha com a ABRALE – Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia”.

Banco de Sangue

Além da conscientização sobre a doação de medula óssea, Ana Cristina Novais, também aproveitou que o período do carnaval é importante para a doação de sangue de todos os tipos, que serve para atender os 220 hospitais conveniados em todo o Estado.

“A doação está dentro do esperado, mas neste período do ano, temos uma demanda maior por causa do carnaval, com acidentes nas estradas e as festas que eventualmente terminam com problemas, então neste momento de emergência, muitas vezes utilizamos o sangue “O-“. Por exemplo, um motociclista que está com uma grande hemorragia interna, até que a gente faça os testes para saber qual o tipo sanguíneo ele pode ir a óbito, por isso utilizamos o “O-“. Na população, geneticamente, temos uma menor quantidade de “O-“, aí quando temos uma demanda maior, fazemos esse pedido. Precisamos de todos os tipos de doações, mas lembramos do “O-” neste momento”, concluiu.

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