Pelo segundo ano consecutivo, a Companhia de Saneamento de Goiás realiza, em parceria com a Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração (Renapsi) o evento “Setembro Amarelo”, com palestras voltadas aos jovens aprendizes da instituição abordando temas relacionados à saúde mental e prevenção ao suicídio. O evento foi realizado no início desta semana na sede da Saneago, em Goiânia.
A iniciativa surgiu em 2022 a partir da preocupação do setor psicossocial da empresa com o aumento do número de jovens acometidos com problemas de saúde mental agravados pelo período pós pandêmico.
“O evento tem como objetivo repassar informações e orientações quanto à prevenção da saúde mental, bem como a rede de atenção. Normalmente são os gestores que identificam jovens com transtorno de ansiedade. A princípio o serviço social da empresa realiza o acolhimento, posteriormente se houver necessidade os jovens em questão são encaminhados e alguns casos específicos são articulados com a rede de atenção à saúde”, explicou a assistente social Edirlene Morais de Souza.
Aos 20 anos, a jovem Ana Luiza Teixeira dos Santos, avaliou o evento como interessante e essencial – no caso dela, o interesse foi em dobrado, uma vez que a jovem também é acadêmica de psicologia.
“Por ser acadêmica de psicologia eu me interesso muito quando o assunto é saúde mental, especialmente porque não é difícil encontrar alguém que não sofra de algum transtorno mental, aprender e ficar atento quanto a isso nunca é demais”, afirmou.
Segundo Ana, ações como essa contribuem para que os jovens passem a ficar em estado de alerta, pois nem sempre têm interesse em buscar informações sobre o tema ou mesmo tentar compreender situações que estejam enfrentando.
“Acredito que quando é uma ação em conjunto, com participação de outros jovens, o viés já é um pouco diferente. Quanto ao ambiente de trabalho, os transtornos mentais em si já são empecilho para uma boa vivência. Eu faço parte de uma geração que tem ansiedade/depressão como “mal do século”, mas que antes não via essa necessidade de se cuidar, hoje é um pouco diferente, mas o medo de parecer “estranho” ainda se faz presente”, avaliou.
A jovem entende que por meio dessas iniciativas como essa seja possível sentir que as dores são acolhidas e com isso o jovem conseguirá lidar melhor com aquilo que sente dentro do ambiente de trabalho.
“É inegável que nós jovens somos expostos a muitos fatores que podem influenciar em nossa saúde mental, autodiagnóstico jamais mas alerta quando sente que algo não vai bem é sempre importante”, pontuou.
Juventude e Saúde Mental
A psicóloga Márcia Christovam foi uma das palestrantes do evento e acredita que uma das maiores dificuldades enfrentadas pela sociedade de uma forma geral na atualidade seja a das consequências do pós pandemia.
“Estamos todos lindando muito com temas como: luto, sequelas físicas e fisiológicas da Covid, como problemas de memória e outros), mas principalmente a sobrecarga de medo, tensão e ansiedade vivida em 2021 e 2022, e tudo isso ainda levará algum tempo para ser limpo de nossas experiências emocionais e psicológicas. No caso dos jovens, temos o agravante de que, sendo pessoas ainda em desenvolvimento neurológico e psicológico, foram afetadas e sobretudo viveram algo que em sua fase de vida foi muito grave: o afastamento social”, destacou.
A psicóloga afirma que vários fatores precisam ser considerados quando buscamos entender os problemas de adoecimento psicológico dos jovens hoje e que ações alusivas ao Setembro Amarelo e demais iniciativas são de máxima relevância uma vez que muitos destes jovens não viverão em outros ambientes a oportunidade de refletir sobre tais temas.
Márcia destaca que identificar um jovem está precisando de ajuda muitas vezes pode acontecer naturalmente, mediante de relatos ou queixas de sintomas de ansiedade, irritabilidade acima da média, desesperança ou falta de sentido para o futuro, falta de energia psíquica e depressão.
“Mas em geral os casos mais desafiadores e que precisam de atenção são os que não reclamam de nada, mas que mudaram seu comportamento se tornando mais quietos, introspectivos e com aspecto de que estão mais tristes. A doença emocional quando silenciada tende a potencializar agravamento e potencial de ideação suicida pode estar ocorrendo sem que ninguém saiba. A melhor estratégia é chamar para conversar e encaminha para ajuda especializada”, afirmou.
A Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração (Renapsi) possui um Canal de Atendimento aos jovens através do 0800 494 1052. Em Goiânia, a Prefeitura Municipal conta com uma Rede de Atenção Psicossocial e mais informações sobre o atendimento podem ser obtidas através da Secretaria Municipal de Saúde pelos telefones 62) 3524-1570 ou 3524-1577. Quem sentir necessidade de apoio emocional, pode procurar ainda o CVV – Centro de Valorização da Vida, através do telefone 188.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 03 – Saúde e Bem Estar
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